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Quando eu era criança sentia medo do que podia haver embaixo da cama. Todos falavam que era algo da minha imaginação, que com o tempo, eu ia superar e esquecer, de fato é o que alguns fazem, meu irmão superou, enquanto os meus medos se tornaram imensos.
Dói você ser refém do medo. Estar em um ônibus e passar mal, por estar cercada de seres da mesma espécie, o meu único pensamento é de me atirar no chão e chorar até afogar todos os meus medos. Entretanto só sinto uma corda no meu pescoço me sufocando a cada segundo, que parecem décadas.
Eu sei que é uma simples ida no mercado, mas eu não consigo ver assim. Eu faço uma lista de prós e contras e de reações, pois sempre falho na interação. Me sinto um fantasma vagando em um mundo girando, entretanto sinceramente prefiro ser um fantasma, do que ter a sensação de estar sendo julgada.
Sempre sinto alguma destas sensações, prefiro ficar no meu quarto, aqui eu tenho maior chance de realizar autodefesa e é o meu território. Poucos entram nele, só por falta de opção e porque sabem que ali é o meu casulo do mundo.
O meu medo é como um lobo interno, que com o tempo ele foi crescendo e ficando indomável, além do mais, a cada dia sinto maior perda de controle sobre ele e as esperanças de adestra-lo estão se tornando nulas. Talvez o meu cotidiano seja diferente do seu, no seu ponto de vista pode ser normal sair e aproveitar a vida, porém eu não posso seguir o "padrão" ou sair para agradar os demais, porque eu não consegui adestrar o meu lobo interno. Tente se colocar no lugar de seu amigo, filho, mãe, pai, irmão e entre outras pessoas que você gosta, que sofrem de ataques de pânico, se imagine vivendo com uma arma na sua cabeça, é assim que ele se sente em cada crise.