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"Foca na respiração, foca na respiração, foca na respiração." Assim começa um ataque de pânico, amenos é quando percebo que estou tendo um. Não sinto ar entrando pelo nariz e chegando aos pulmões, sinto como uma corda estivesse me sufocando. Então passa um turbilhão de sentimentos, queria abrir um buraco infinito no chão, sem fundo, pois temo que no fundo esteja a causa do meu medo lá.
Na infância, mesmo quando olhamos embaixo da cama, continuamos com medo e pensando que existe um monstro lá, assim é a ansiedade não tem porquê sentir medo, porém você continua sentido. Nas multidões me sinto sufocada, sempre penso que uma tragédia vai acontecer e entro em estado de transe e fico presa em alguma parte do meu corpo. Até em sala de aula, tenho dificuldades em me concentrar, até na minha matéria favorita, eu me desligo.
Vivo constantemente de maneira involuntária ou voluntaria me desconectando mentalmente do lugar que estou e das pessoas. Eu simplesmente não aceito o fato de ter que estar ali, eu tenho medo do meu futuro, pois minha mãe não será eterna, infelizmente, uma hora ela partirá e isso dói, porque irei ficar perdida e sozinha. Ela é a pessoa de maior valor na minha vida, ela me dá vontade de viver. Não sou a melhor filha, nem sei demonstrar sentimentos, entretanto ela é literalmente o motivo de eu estar viva.
Meus amigos têm outras amizades e o restante da minha família não conhece um terço do que eu vivi até aqui. Sou grata, por haver pessoas que sentem empatia, compreendem que cada um sente uma dor diferente, ontem estava havendo uma confraternização e um conhecido estava conversando com o meu pai, foi quando me chamou atenção, o sobrinho dele de 13 anos, está com depressão e pratica automutilação, e ele disse com um semblante de preocupação: "Eles estão correndo atrás de ajuda, mas isso é horrível. Um menino novo." Foi nessa hora que deu um silêncio e olharam para mim. Ele não julgou, somente estava preocupado.
Em 2016, eu comecei a fazer terapia. Uma vez por semana, eu simplesmente tinha que sair e pegar 2 ônibus. Só de colocar o pé para fora do portão, começava uma dor no peito e novamente a sensação de perigo constante havia voltado. Além disso, os horários de volta nunca coincidiam; então imaginem a ansiedade que eu tinha dentro do ônibus e eu ficava tão ansiosa, que quase descia na parada errada e acabava passando por cima de alguém. Provavelmente, aquelas pessoas jamais compreendiam o que se passava na minha cabeça e que eu deveria ser louca.
Embora muitos me julguem de forma erronia, vocês jamais entenderam o que se passa na vida das outras pessoas, me envergonhava, mas hoje sei que é um problema que eu não posso resolver sozinha. É como criar um filho e ele se rebelar contra você repentinamente, isso é triste e doloroso, pois é lamentável ver uma parte sua te destruindo e me fazendo ir contra os extintos dos seres vivos, que esperam viver e não ficam adiantando a sua morte.
Eu sinto medo, de até aonde isso vai?! Pois se engana quem pensa, que pior não fica e o meu maior medo é a internação. Não se engane pensando, que todos que estão ali têm problemas e que desejam o tratamento, pois algumas pessoas só estão fugindo das consequências de seus erros e não querem a cura. Se você pensa em se internar pelo simples fato de se sentir uma louca(o), lembre-se...
Muitas pessoas são julgadas e alguns psicopatas, conseguem alegar que estão em um estado de insanidade, que não respondem pelas suas ações, por terem algum tipo de doença ou transtorno psíquico, essas pessoas estão naquele lugar. "Porém não é tão fácil", infelizmente, sim. Conheço um monstro (essa foi a única forma mais próxima que encontrei de defini-lo). Não crie a ilusão que todas as pessoas estão ali buscando ajuda, algumas estão simplesmente fugindo do resultado de suas escolhas.