Eu fui criada em uma família religiosa e bastante conservadora (sim, eu sou a ovelha negra). Eu nunca soube sobre homossexualidade, fui criada apenas sabendo que era algo errado e que Deus não aceitava.
Entretanto aos 13 anos, eu assisti um filme lésbico e foi quando entendi o que era, não na visão de um livro de milhares de anos, mas duas pessoas encenando o que era lesbianismo. Na época, eu senti sensações estranhas, mas não entendia o porquê do meu corpo estar reagindo assim.
Depois conversando com lésbicas, me considerava curiosa (aliás sempre fui), dependendo da pessoa, eu tinha um sentimento além de amizade. Porém as minhas relações foram a distância, mas sinto a tração.
Foi complicado e é até hoje, eu me aceitar como bissexual, não era curiosidade. Assim como sinto a tração por garotos na internet, também sinto por garotas, além do mais a minha interação é maior e melhor virtualmente.
Sou amiga de pessoas que são homossexuais, porém é apenas amizade. Com o tempo nós aprendemos a distinguir atração, de amizade e isso facilita, tanto que não existe idade para as pessoas “saírem do armário”, pois isso leva tempo para cada um se descobrir.
Ainda colocam em nossas cabeças quando somos apenas crianças: “Menino com menina”. Então encobrimos isso da sociedade e até de nós mesmos, que o certo é ser heterossexual. Isso só existe na mente de pessoas, além do mais, se você usa a sua religião para espalhar ódio e dor; leia João 15:12-13 e reflita.
Eu não escolhi ser bissexual, isso é um fato que eu devo aceitar para ser feliz e você precisa apenas respeitar. Não é errado fazer parte do grupo LGBTQ+, nem ser heterossexual; nem podemos generalizar ambos os lados, pois sempre tem um que não representa seu “grupo”.
Antigamente éramos divididos por raça, hoje é sexualidade, embora ainda exista o racismo, que é algo tão obtuso, assim como a homofobia. Pois a minha bissexualidade não interfere na sua vida e nem a sua sexualidade interfere na minha vida, o que torna sem sentido esse ódio e violência.
Compreendo que é algo difícil de se entender, para um pai e uma mãe; “por que meu filho?” Porém ele continua sendo aquela criança, que você amava e que, você não deve mudar isso, por quem seu filho ou filha está ou ama. Você só deve respeita-lo, assim como você quer ser respeitado. Embora seja difícil os meus pais compreenderem e automaticamente julgarem, sem ter conhecimento sobre o assunto, visto que eles acabam me machucando com cada palavra. Eu não sei como lidar ou mudar o pensamento deles, para eles sentirem o que eu sinto em relação a isso e que não é fácil, você se assumi para si mesmo.
Todavia isso não acontece somente comigo, segundo o site do Instituto Patrícia Galvão: "Entre janeiro de 2013 e 31 de março de 2014, a Comissão monitorou a violência contra as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersex (LGBTI) na América. Em seu Registro de Violência contabilizou pelo menos o assassinato de 594 pessoas LGBT, ou percebidas assim, e 176 vítimas de ataques graves, embora não letais. Desse total, 55 foram contra mulheres lésbicas, ou percebidas como tais." Esse é o motivo de algumas pessoas apertarem nessa tecla, para as pessoas que são heterossexuais é bobagem e pensam que é só para chamar a atenção.
Todavia eu, o meu amigo, a minha amiga ou qualquer homossexual, pode ser vítima de qualquer tipo de violência. Meu pai critica o movimento, entretanto ele não compreende que eu posso ser vítima de um estupro "corretivo", apanhar na rua ou ouvir palavras preconceituosas, que machucaria qualquer um, independente de gênero, simplesmente pela pessoa ser incapaz de respeitar a escolha dos outros.
Esse vídeo demonstra coisas que você que é bissexual, provavelmente já ouviu ou provavelmente irá ouvir. Se você não for bissexual, espero que você repense nisso e não fazer julgamentos precipitados.
Fonte das imagens: http://blogs.correio24horas.com.br/mesalte/numero-de-mortes-de-lgbts-bate-recorde-em-2016-bahia-teve-32-homicidios/
**PS: Recomendo a Obra de Adrienne Rich, chamada de "Heterossexualidade compulsória e existência lésbica" (clicando no nome da obra, vai para o pdf traduzido da obra).