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Gay também é gente ♪♩


Diego era um jovem atraente, porém ele tinha uma dupla personalidade que se despertava repentinamente. Até para ele, ela era desconhecida. Mesmo sendo novo, sua mente buscava escapatórias deste mundo. Entretanto alguns bebem, outros usam drogas e o que for necessário para fugir de si. Porém o seu cérebro já não aguentava mais tanta pressão, afinal ele tinha responsabilidades e ele já não podia se esconder no seu guarda roupa. Sua vida sempre foi complicada, seu pai era alcoólatra e ele junto com sua mãe protegiam os seus irmãos menores, pois seu pai perdia o controle. Todos choravam, enquanto ele simplesmente tentava lidar com a situação, com o seu jeito calmo. O seu irmão caçula tinha ele como um super herói, seus olhos refletiam isso. Seu pai era um homem másculo e se considerava o sinônimo de heterossexualidade, jamais aceitaria algo LGBTQ+ em sua família, talvez ele apenas estava se escondendo de si mesmo, atrás de seu discurso e repudio.

Diego desconsiderava esse 'problema', pois ele era hétero. Aos 20 anos longe de toda aquela insanidade de sua família, sozinho. Ele era alguém completamente independente, porém sua vida era baseada no famoso dito popular: "De dia é Maria e de noite é João." Entretanto ele não sabia de seu lado "Maria", pois para ele o seu gênero era a heterossexualidade. Só que ele passou a encontrar peças de roupas femininas em sua casa e pensava que era de alguma de suas ficantes da noite passada.

Cansado, de suas amnesias frequentes e de surgimentos repentinos de objetos femininos, sentou-se no chão e refletiu sobre aquilo e tentava lembrar o que havia acontecido, porém era em vão a sua tentativa, pois ele sempre acordava desacompanhado, já não bebia mais e tentava ficar em sua casa apenas e esses apagões persistiram, pensou em pedir as gravações do prédio para entender o que estava se passando.

Ligou para a sindica e pediu por e-mail algumas filmagens, da semana passada. Quando ele olhou a primeira filmagem, ele não compreendia o porquê dele não aparecer frequentemente nas imagens, até que em uma das gravações, ele reparou que havia encontrado uma saía semelhante em seu apartamento, com lágrimas em seus olhos, ao se auto reconhecer, elas passaram a escorrer de seus olhos, ele havia se tornado o monstro que seu pai sempre falou.

Ainda imóvel sentado no chão de seu quarto, ele notou a existência de uma mala vermelha ali, embaixo de sua cama; com seus olhos cheios de lágrimas, pegou e abriu a mala, ali haviam diversas roupas femininas, de seu tamanho, porém Diego era incapaz de aceitar aquele seu lado "monstruoso". Ele estava sem chão, porque era algo que ele estava passando e nem tinha conhecimento, preocupado e sem muitas informações, deixou o seu orgulho de lado e buscou um grupo de ajuda, para descobrir se ele estava louco realmente, pois esses apagões eram coisas para pessoas incoerentes e doentes, acabou confundindo sua sexualidade com doença, então acabou se conformando, o que era mais triste ainda, entretanto mais fácil para ele lidar.

Em seu tratamento, ele acabou progredindo contra a sua dupla personalidade. O seu maior problema era a sua sexualidade, pois você precisa de coragem para dizer para si mesmo primeiramente, e depois para os outros: "Eu sou gay!" Pois ele havia visto o ódio dentro de seu próprio lar e sentia medo dos demais, não porque ele era fraco, mas era pelas pessoas e o seu poder de serem muito más e isso doía. Cada palavra; Cada ação; Cada reação, elas surgem um efeito ao outro e você pode simplesmente a destruí-la com uma simples palavra e dói mais que uma facada, visto que aquilo fica em sua mente.

Sabe por que ele não considerou o fato de ser homossexual? Pelo discurso de repudio aos gays de seu pai, o mais irônico que seu lado "João" era homofóbico, ele realmente acreditava naquilo e sem saber, apenas reprimiu tanto o seu verdadeiro eu, que sua vida era sinônimo de infelicidade. Seu cérebro precisou criar outra pessoa e reprograma-lo para a felicidade ser real em alguns momentos apenas, pois aquela travesti era simplesmente feliz e sem traumas, aquilo era a sua escapatória para tamanha opressão. A aceitação é muito importante em nossa vida em todos os quesitos, mas a auto aceitação é a base da nossa felicidade, pois viver com ódio de si próprio é o pior preconceito de todos, infelizmente.

Criado por Erika Galvão, 2024.

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