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Com uma respiração ofegante, um grande lobo de bela pelagem. Corria, sem olhar para trás; mais rápido que os flocos de neve, que caiam sobre o seu pelo naquele dia de inverno. Ele era um forasteiro, sem sua matilha. Vagava e fugia de perigosos seres que habitavam ali.
Ele sabia que era um ser vulnerável, como cão domesticado, ele não sentia coragem e nem tinha personalidade para se defender. Era vazio como uma loja após uma liquidação de inverno. Seu olhar parecia um rio em um dia de calmaria, em que refletia tudo a sua volta como um espelho.
A única coisa que ele demonstrava aparentar era uma imensa tristeza e transpirava melancolia. Onde já se viu, um lobo depressivo? Era a sua triste realidade! O predador estava tão acuado, quanto uma de suas caças indefesas. A sua força era a mesma, porém seu psicológico não era o mesmo. Qualquer pessoa lhe daria pouco tempo de vida.
Afinal, ele era um lobo e não um bicho preguiça para viver tão desmotivado e lento. A dias sem comer, aquele lobo parecia ser um moribundo aguardando sua partida, assim como ocorreu com sua matilha. Uma senhora lebre passava por ali naquele momento, no qual o lobo também estava.
Ela se sentiu tão comovida, que não correu. Simplesmente se aproximou vagarosamente e cuidadosamente daquele animal. Então quanto mais próxima ela chegava, mais sua empatia gritava para ajuda-lo. Aquele animal que é desconsiderado até em animações, se desproveu do medo para talvez ser o seu lanche, se notava seu jejum e cansaço a quilômetros. O lobo surpreso, perguntou-lhe o porquê deste ato de bondade.
Devido as suas diferenças, a lebre sorriu e disse que habitava com seu amigo, que estava o substituindo por uma fêmea, logo ele ficaria tão desmotivado e solitário quanto aquele lobo. O lobo surpreso lambeu ela. Ela tentando concluir afirmou: “Alguns nascem para caçar e outros para serem caçados.”