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Mergulhada em um oceano de solidão. Ando tão cansada e saturada, o que faço aqui Senhor? Por que não escutas as minhas prese? Estou calejada, preciso de um milagre. Ando solitariamente em uma longa rua esburacada, sem luz ou a claridade da lua. Me sinto em um dia que está prestes a desabar um temporal. Não se assuste nessa hora, será a hora que gritei “Socorro!” de minhas entranhas.
Eu ando nessa rua como uma criança de 6 anos, perdida em um supermercado, com medo de tudo, pois tudo e todos aparentam um imenso perigo. Trovoadas são rumores de um eu cansada, gritando por ajuda. Os relâmpagos são tão fortes e devastadores, assim como cada palavra proferida quanto a mim.
No final será só flores? Vejo a morte como um jardim, não a romantizo, apenas tento encontrar uma explicação para a sua existência. Entretanto quando perco uma pessoa amada, eu fico irada. Maldita hora para levar mais uma alma, que se transformará em uma flor rara em seu belo jardim. Eu gostaria de vê-la transformando o pó de nossa casca em uma nova vida. Sentada em seu jardim, ela busca outra raridade.
A morte é a filha mimada de Lúcifer, neta de Deus e nossa inimiga, que só é perdoada no dia de nossa morte; ou nem nesse dia, pois nem todos a aceitam. Que ousadia uma desconhecida nos ceifar, assim como um agricultor colhe sua a plantação. Sem dó ou piedade, nem liga para as suas consequências e dores, apena para as suas futuras raridades.
Entretanto nem todas a morte consegui transforma-las em flores, alguns apodreceram tanto em nosso mundo, que servem apenas para esterco. Nem após a nossa morte, nós deixamos de ser obras primas.