top of page

2013


O ano de 2013, eu poderia escrever um livro sobre ele ou fazer um filme. É o ano que considero o meu último ano, que eu vivi, pois logo em seguida começou o meu inferno e foi péssimo, daí em diante. Vou contar como foi esse meu 'último ano'. Foi um dos melhores ou o melhor de todos os anos da minha vida, porque eu era feliz, estava sempre sorrindo e com um semblante mais alegre do que o de hoje.

Eu sempre fui tímida e um tanto que fechada, porém quem me conhecia sabia que eu era doida, sempre pulando e fazia coisas bizarras. A minha maior paixão, um tanto que obsessiva, era o lugar em que a minha mãe trabalhava, São Francisco de Paula, eu me transformava em outra pessoa, lá eu não era a garotinha traumatizada e depressiva, apenas um pouco ansiosa para não voltar, meio irônico sua filha amar mais um outro lugar, do que sua própria casa.

A patroa da mãe, era como uma tia rica para mim, amava conversar com ela, não por interesse como os demais julgavam. Eu me transformava em outra pessoa, era como se eu fosse eu de verdade. Existem momentos, que você se senti tão confortável e a vontade, afinal o lugar ou as pessoas te fazem sentir assim, que parece que o seu espirito saí do seu próprio corpo e vaga, de tão leve e sossegado. Então, era assim que eu me sentia naquela cidade, além do mais era tudo lindo lá, parecia um conto da Disney.

Em abril comecei com problemas de sangramentos frequentes, discussões com meu pai, marcava saídas com os meus amigos, fiquei com um garoto, enfiava alfinetes nos pulsos, ia forçada à igreja, estava na 8° série, logo em seguida eu iniciaria o ensino médio, então comecei a ter dores fortes de cabeça e no joelho, que inchava e dificultava a minha locomoção e eu cheguei ao fundo do poço. Naquele ano, os meus pais gastaram o dinheiro que não tinham praticamente e em seguida a mãe pediu demissão do meu "melhor lugar do mundo".

Sabe quando tudo começa a desabar e a dar errado ao mesmo tempo e ainda na sequência? Era assim que estava a minha vida. Eu caminhava com dificuldades, não conseguia comer e nem banho queria tomar. Só queria ficar no quarto e ainda quero, porém naquela época foi pior. Eu estava tão fraca mentalmente e fisicamente, que nem suicídio, eu conseguia concretizar.

Fiz diversos exames, pois ninguém aceitava que eu era "louca", assim que muitos me viam, então eu fiz e eu só piorava. Eu fui em diversos médicos, mas nenhum era o certo... Eu nunca tive um problema físico a ser tratado, pois era tudo mental. O meu ex ficante em seguida me substituiu, por uma garota que eu não me dava bem, e eu aguardava ansiosamente pelos resultados com medo de eu estar com anemia ou leucemia. Se você nunca passou por isso não julgue, mas em todos os exames eu rezava para dar algo, para não ser coisa da minha cabeça. Entretanto, o resultado era sempre o mesmo, eu estava bem e muitos pensavam que era teatrinho meu, mas era real a dor.

Foram dois impulsos suicidas que eu tive... No primeiro, eu abri a primeira gaveta e a segunda, e então procurei uma faca afiada e quando ia encostar, era como se eu estivesse cortando o ar, pois não ficou marca alguma e eram facas afiadas e em seguida abri a porta do armário da cozinha, para tentar overdose e nesse meio tempo o meu corpo travou, nem consegui abrir a caixa. A partir do momento que eu começava a ter senso de realidade, eu desabava como uma pilha de lenha.

Em meio a tudo isso, eu ainda sorria e conseguia fingir, entretanto o momento que desabei, foi péssimo, não me recuperei até hoje dele. É como se eu estivesse atirada na estrada com o meu fardo, esgotada e derretendo como um picolé. Em todos esses anos eu piorei e melhorei, mas nada semelhante a antes. Eu tomo remédios para dormir e acordar, não sinto motivação para sair igual a antes e nem os lugares que me faziam bem antigamente, ainda surgem o mesmo efeito.

Criado por Erika Galvão, 2024.

Siga:
  • Tumblr
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
bottom of page