A solidão voltou, era algo provável. Eu passo grande parte do meu tempo tentando fugir dela, pois ela me mata e tortura lentamente, pois estou como uma ilha vazia de sentimentos. Entretanto no final, ela sempre irá estar lá, parece o destino. Todos partem ou irão partir, então me deparo com ela novamente e nos sentamos embaixo de alguma árvore, em um campo imenso e colocamos o papo em dia, aliás ela é a minha melhor amiga, que sempre ouve as minhas lamentações e sempre saberei que ela está lá.
No dia da minha morte, ela levara a coroa mais bela e será a criatura que terá as lágrimas mais sinceras. Afinal foram anos e anos, sendo uma boa ouvinte e conselheira. Nem mesmo as pessoas que se dizem minhas amigas me conhecem tão bem quanto ela, porque ninguém ligava realmente para a depressiva com seus dramas. Cansei de buscar justificativas para os demais, quando eu mais preciso a solidão se aproxima lentamente para me envolver em seus braços.
Eu choro por tê-la como amiga, porém se não houvesse ela... Eu nada séria, pois ficaria perdida no meu próprio vácuo existencial. Não quero romantizar a minha história com a solidão, apenas quero ter um olhar diferente sobre ela e não ser ingrata, visto que sem ela, eu nem sei o que seria de mim. Todas as noites antes dos comprimidos fazerem efeito, ela me conta as piores histórias, não sei se ela sabe, mas não quero lembrar do meu passado ou imaginar o meu futuro. Eu simplesmente gostaria de dormir tranquilamente, sem histórias ou até mesmo companhias.
Não desejo ser mal agradecida, mas esse momento é meu e não preciso de amizades nesse momento. Nem desejo viajar em meus devaneios ou vagar em pensamentos desnecessários naquele momento. Mas suas intenções são boas, ninguém me compreende melhor do que ela e ela não precisa me perguntar como estou, pois, ela sabe como é. Nesse momento sinto uma grande dor inexplicável, ela não sente no mesmo momento, mas compreende e isso nos aproxima mais ainda.