top of page

Girassol


Desde criança havia diversos girassóis no nosso pátio, pois os meus pais semeavam todos os anos. A minha mãe ama admirar eles com um olhar nostálgico, aliás ela seguiu a tradição do meu avô que cultivava justamente nesse mesmo lugar, que amava todas aquelas pétalas amarelas. Embora o meu avô tenha partido a quase duas décadas esse costume ainda permanece vivo.

Hoje, eu também amo admirar. Coincidência é a cor amarela estar tão presente na minha família, talvez essa seja a cor que representa a minha família. Antigamente era as flores e agora é usado como setembro amarelo para prevenção ao suicido. O meu avô pode não estar vendo nada, que nós ainda honramos a sua memória e fazemos isso mais por nós mesmos, porque ainda permanecemos aqui e é importante para a nossa vida.

Imagino o que ele diria sobre a pessoa que eu me tornei, mesmo sem ele estar aqui encontrei uma forma de me proteger desse mundo. Ainda sou a pessoa que mantém o clima festivo no fim do ano. Fracassei em várias coisas, mas senti tantas coisas durante esses anos. Lidei do meu jeito com as coisas que cruzaram o meu caminho.

O luto é complicado de se entender, porque alguns sentem ele por anos e outros não sentem nada nem por alguns minutos. A pior forma de lidar com ele é com o silêncio, que carrega uma mágoa destrutiva. A minha mãe não faz isso por remorso, porque ela sempre deu valor e foi uma ótima filha, ainda lutou até o fim para manter ele vivo.

Nem a minha vó fez o que ela fez por ele, parece que ela mantém ele vivo em detalhes que foram importantes para ele. Então não é uma bobagem ou hipocrisia, porque existe um amor incondicional, que nem a morte pode dar um fim. Sinto uma imensa saudade, assim como ele foi o melhor amigo da minha mãe... Provavelmente seria o meu também.

Criado por Erika Galvão, 2024.

Siga:
  • Tumblr
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
bottom of page