top of page

Brenda


Quando quebrei o braço disse que só faria terapia, se eu ganhasse um coelho, só ganhei por ser teimosa e por ter sofrido com aquele braço e odiava o médico, principalmente pela cirurgia e arrancou o pino sem anestesia. Se tornou o meu prêmio de consolação, eu amei ela só de vê-la na gaiola no mercado público e trouxemos ela escondida em uma caixa no ônibus. Sempre fui boa com animais e péssima com pessoas desde pequena.

Dessa vez foi diferente, por ela não me morder e sempre vinha quando eu me aproximava, ela mordia todo mundo menos eu. Ela tinha total confiança comigo, a Brenda podia ser silenciosa e era presente aquela bolinha de pêlos, aquilo que é confiança. Aprendi com um coelho a confiar no que cada um transmiti e mesmo quando eu me enganei conta como experiência da vida de certa forma.

Só que fui forçada a dar adeus para ela, porque ela mordia e adorava fugir, a horta era como a praça de alimentação de um shopping para herbívoros. Doeu muito me despedir dela, pois ela me mostrou que sou uma boa pessoa, confiável e parecia que ela me compreendia como ninguém. Estou proibida de arrumar um coelho e não fiquei sabendo mais sobre ela, só as mentiras que a minha vó contava.

Às vezes, aprendemos com seres sem diploma e que tem muito a ensinar, porque aprendem na prática do dia a dia e isso realmente não se pode colocar em um quadro, mas pode ser útil para alguém. Eu não sinto isso frequentemente por pessoas e com os animais é diferente, único e puro. A Brenda era a prova viva de confiança e eu decepcionei ela, por ter aceitado que ela corria perigo comigo pelos cachorros e ninguém cuidaria dela melhor do que eu.

Criado por Erika Galvão, 2024.

Siga:
  • Tumblr
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
bottom of page