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Quem sou eu? Mais uma crise com a minha cabeça gerando confusão nos meus pensamentos que estão misturados entre eles, que não são minhas ideias e sinto medo de me transformar nelas. Em um minuto quero morrer e no outro não quero morrer, simplesmente preciso me livrar das vozes para descobrir quem eu realmente sou, isso não é vida não sei quem eu sou e nem o que sou capaz. A minha ética está comprometida sempre, por espíritos que parecem me possuir ao mesmo tempo, enquanto tento silenciar parece que estou dominado por elas e que estou ali para ser submisso de todos que me possuíram ao mesmo tempo.
Se for no banheiro, no quarto, na cozinha, na sala ou fora de casa, elas me acompanham sempre sem nunca se calar um instante. Parece que elas me definem, desde quando percebi que não posso me separar delas em momento algum, ao invés de eu aprisionar as vozes, elas pressionam o meu verdadeiro eu. A minha cabeça é como um labirinto de personalidades me dizendo tudo de mais obscuro, no final aparece elas ecoando novamente sem nunca parar. Tentando tirar a minha motivação para logo desistir. Quando dizem que existe um demônio dentro de você, no meu corpo são inúmeros que tento aprisioná-los para eu viver com a minha verdadeira e única personalidade em um silêncio merecido.
Portanto nem os remédios me deixam deitar em paz no travesseiro e sem pensar na morte. Não quero pensar em como sobreviver e morrer, pois é difícil atender todas as vozes, sem conseguir silenciar elas nunca e não posso fugir para o vazio paralisado olhando para o nada, como qualquer um dopado, porém nenhum remédio me deixa sem nenhum pensamento perturbado ou sem todo aquele barulho. Só quero que isso tudo pare por um instante, preciso deixar o meu corpo em busca de paz, ainda assim sinto medo das vozes estarem presas na minha alma, parece que não sou o único a habitar nesse corpo. Meus demônios continuam sempre comigo, porém não tenho como provar para o restante. Não é como uma ferida exposta podendo infeccionar, a dor é mais tranquilizante quando exposta para quem conhece a dor psíquica, pois cicatrizaria com o tempo e a nossa mente pode nos matar.
Não sei como me descrever aos demais, porque a cada instante eu mudo e me torno algo bom ou mal, a maldade é o que mais me assusta pela minha falta de controle, embora a minha consciência esteja perdida, como em uma solução monofásica, ao contrário da mistura da água, areia e óleo, cometo erros irreparáveis pensando que estou fazendo a minha coisa certa e na verdade é só mais uma das vozes ecoando. Todos acreditam que estou drogado, nunca me perguntaram se realmente sou usuário, entretanto sou apenas um esquizofrênico incompreendido, que além das vozes aguento as fofocas, que são piores do que a doença involuntária que é sem noção e afinal sou um humano.
Essa não é a minha história, nem entendo muito sobre esquizofrenia e queria que as pessoas não se limitassem ao distúrbio. Enfim, um garoto esquizofrênico se tornou meu melhor amigo e ele me conforta.