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Sempre tive essa mania de ter o “dia de”, herdei ainda em vida do meu pai que me colocou essa mania de ser organizada com o meu tempo, então os dias de semana tem outro nome (ou referência) e costumo usar essa associação para tudo na minha vida. Dessa forma memorizo melhor dessa maneira, mas voltando ao calendário, eu amo o dia da maionese e refrigerante que é no domingo, meu pai não gostava de eu adorar um dia dos pagãos (para ele) e tinha o dia do “não”, que era o sábado. Mesmo não sendo um dia para ser livre, é o dia do meu pai que ele tem Deus como o pai que ele nunca teve e nunca terá. Isso mexe com ele bastante ao ponto de colocar os outros acima dele, principalmente quem não merece nenhum favor. A única parte que eu não gostava no domingo era ir ao culto de noite, aquilo era desgastante e sufocante, os meus pais queriam que eu fosse diferente disso que sou e entendo a frustração. A sexta era o pré dia do “não” e de fazer a faxina para o dia do senhor, nas quintas era o dia da sopa e ficao muito ansiosa pelo final de semana.
As quartas tinha culto e jogos de futebol, que eram sagrados para o meu pai e irmãos. As terças eram apenas terças e segunda virou o dia da faxina hoje em dia. Esses dias são importantes e fui me acostumando a viver sem seguir o plano, porque fiz esse pacto com o meu pai e não sei como deixaria de ser assim. Acabei tornando isso em um ritual esse modo de vida, que tem o seu valor e importância, tipo a maionese com refrigerante são dignos de um dia para se viver semanalmente essa esquisitisse e essa é uma certeza que tenho para seguir em frente. Essa tradição faz todos rirem, pois levo a sério as minhas promessas e não é domingo se não tiver essa refeição na mesa e esse sempre foi o melhor dia de todos, confrontei os meus pais para não perder esse dia, que me reconforta assistindo o mesmo canal (antes da Netflix) com as mesmas pessoas e sem pensar em aulas e a única coisa desnecessária era ir ao culto de noite.
Nunca me adaptei e nem senti vontade de guardar o sábado, acabei justificando as minhas perguntas, que tudo tem um preço e esse é o meu para chegar ao domingo. O meu pai era uma negação com os filhos no sentido de nos compreender, enquanto os filhos dos outros recebiam tapinhas nas costas e independente do que fosse ele ficava do outro lado, exceto quando adultos tentavam me corrigir. Ultimamente o meu pai está tentando demonstrar afeto, nos dizendo que nos ama e fala como se fossemos uma família feliz, mas não dá para apagar o passado, nem o número de vezes que eu deveria ser nota 10 sempre e logo após um longo discurso. Não sou perfeita, porém queria ser reconhecida e ainda me sinto inútil, desde pequena sabia jogar com adultos e como eles jogavam, ainda assim me sentia um fracasso completo e quem me conhecia dizia que eu era uma garota especial com um ótimo raciocínio. Nunca desista de ser você!
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