A minha psicóloga tem a mania de me jogar batata quente comigo, como se caso eu já tenha considerado ser autista, até aquele momento essa ideia não tinha muita força na minha cabeça e obviamente considerei. Não consigo parar, parece que com o tempo a dúvida só aumenta e vive martelando. Quase todo mundo já considerou ser autista por conta de um único (no mínimo) possível sintoma, algumas pessoas viveram "normalmente" sem se imaginar autista e são na verdade. Os relatos dessas pessoas são completamente uma reviravolta, principalmente por receber esse diagnóstico tardio e o que isso mudou na vida delas, ninguém quer aceitar e poucos tentam compreender o que se passa, as dificuldades e limitações. Talvez, eu me livre dos trabalhos em grupo finalmente e não precise ser forçada a realizar atividades do tipo, que sempre detestei e fui obrigada. Sempre odiei o fato de poucos exames comprovarem os transtornos mentais, tipo: depressão, autismo, ansiedade, etc; precisar acreditar em um único resultado ou diagnóstico médico baseado em sintomas. A análise de um especialista é insuficiente para comunicar a família, sem eles não questionarem a especialização do profissional e tentam minimizar os fatos. Sempre questionei o motivo de certas ações, o motivo de certas anormalidades, pelo menos os meus animais não me amam menos por isso e nem me odeiam. Parecia que eu nunca ia conseguir nada, mas consegui aos poucos me formei no ensino médio e no técnico, talvez engenharia seja um passo muito grande para as minhas pernas. Não sei se irei aguentar, principalmente pelas dinâmicas do curso e o rumo da minha carreira que não será fácil, então vai parecer que voltei para os primeiros anos do colegial em uma escola pública, que era quase uma Savana e eu escrevia de trás para frente. Entretanto, a lei de sobrevivência para um cargo ou se manter no emprego, para isso é necessário fazer algo que detesto... Me destacar e querer receber mais atenção do que os outros, gosto de passar batida em meio a multidão e ser eu mesma.
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