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Cartelas

Ela vive dopada

Anestesiada da dor.

Fiquei apática;

Entretanto, eu ainda choro


Os remédios não me derrubam,

Os efeitos acabam.

Então começa tudo novamente...

Um zumbi com olhar diferente.


Vago perdida,

Sou uma causa perdida.

Não bebo álcool e nem uso drogas,

Tenho noites longas.


Meu coquetel é sagrado,

Dependo deles para seguir existindo.

Tremores e respiração ofegante,

Esse é a realidade de um dependente.


O tratamento não me deixa estável.

Pensei que fosse tratável,

No meu caso é pouco provável.

Me dê as cartelas para me libertar daqui.


É cansativo me forçar para ser sociável;

Ou amável.

Toda a minha grosseria

Não significa que não posso ser calmaria.



Não é só mais um dia ruim,

São anos ruins.

Eu preciso sobreviver

E chorar no chuveiro.


Ninguém pode saber ou ouvir,

As lágrimas são difíceis de controlar.

Meus olhos precisam não fazer contato;

O chão é que sabe do meu sofrimento.


Meus sonhos se foram.

Fui de viver

A sobreviver.

Não sinto nem vontade de escrever.


Não sinto medo da morte,

Pois sinto que perdi grande parte.

Não existe cura,

Então qual o motivo de prolongar mais?


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Criado por Erika Galvão, 2024.

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