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A primeira vez que eu fui chamada de puta, eu tinha 7 anos, eu não sabia o significado, mas pelo pouco que eu conhecia da pessoa, era provavelmente algo ruim, principalmente depois de tudo que ele me dizia, me forçava e me fazia sentir tão mal. Depois foi o meu pai, que me chamou de vagabunda pelas roupas que eu usava. Depois pessoas aleatórias começaram a me chamar, principalmente por serem ignoradas ou rejeitadas, moleques mimados. Alguns caras se excitam falando coisas do tipo, porém nunca aceitei bem esses xingamentos e sempre achei desprezível, porque poucas mulheres dizem coisas do tipo para elas se satisfazerem, por se sentirem mal com isso e não estou me referindo ao sadomasoquismo, que é um caso a parte e diferente. Odeio ser menosprezada, porque eu mesma, já faço isso e sou muito boa, desde quando eu era criança, eu me imaginava uma prostituta ou stripper, imagina a minha cabeça naquela época, quando eu deveria sonhar com unicórnios e arco íris.
Sabe quando você é chamada tantas vezes de algo, que mesmo não sendo verdade, você passa a acreditar? Tu podes ser uma vítima de gaslighting, que é um crime, que é um tipo de violência psicológica, em relações tóxicas e manipulação psicológica. Quase toda mulher já foi ouviu frases, como: "Você está ficando louca." "É coisa da sua cabeça." "Não foi isso que aconteceu." Lembrou de alguém? Comigo já aconteceu e não foi em um relacionamento, ainda escuto frases como essa e sinto muita raiva, principalmente por ser uma pessoa que não posso excluir da minha vida ou babacas escrotos que mal me conhece. Poucas pessoas conhecem essa palavra, gaslighting, parece uma marca ou algum treino físico, as pessoas adoram distorcer a realidade, diminuindo a nossa visão e pensamento sobre os fatos, mas é real e não é loucura. As pessoas que costumam chamar as outras pessoas de loucas, geralmente querem diminuir para se sentirem superiores e com poder sobre os outros, sabe quando tu tens autonomia e tentam arranca-la a todo custo? Poucas mulheres acabam revidando, reagindo e não concordo em tirar vida de outra pessoa e discordo das injustiças para proteger essas mulheres, que carregam um grande alvo nas costas. Você se sentir na obrigação de pôr um fim em toda a tortura cometida por anos, mulheres que não tem um comportamento agressivo, sendo submissas e em outras condições jamais tirariam a vida do seu companheiro, acabam perdendo o seu réu primário. Ainda algumas mulheres consideram privar outras mulheres de vivenciarem aquela tortura, que é repetida por dias, meses e até anos. Eu posso discordar de certas coisas, mas consigo me colocar no lugar delas e entender o motivo de uma ação tão drástica.
Tentei ao máximo me defender da minha mente e da forma que eu era definida, parece que todo elogio era sarcasmo e nunca tem o mesmo peso de uma crítica. Sempre levei críticas muito a sério, por elas serem capazes de me matar e para eu tentar melhorar elas, porém elas consumiram todo o meu amor próprio e a busca por autorrealizações que eu conquistei. A manipulação que sofri na minha infância por um ser desprezível, que não merecia nem mesmo respirar o mesmo oxigênio que todos nós, me fizeram acreditar buscar um sentido e tentei me defender de tudo isso. Quando o meu pai me chamou de vagabunda na minha adolescência, ele tocou em uma ferida que ele desconhecia e todos os outros que fui conhecendo, enquanto outros nem ligavam e insistiam, uma ferida que já infeccionou, nunca fechou e que muitos não pouparam ela. A pessoa que senti prazer ofendendo outra, é um acéfalo, ignorante e nunca foi amado. Agora, imagina o quanto uma cabeça de criança é tão ferrada, ao ponto de se ver futuramente como uma prostituta, não por eu desejar viver o que elas vivem. Todavia era por alguém me fazer acreditar que eu merecia aquilo e era o máximo que eu conseguiria na minha vida, e foi a única vez que desejei ter uma arma para me defender e ele nunca mais abrir a boca para outra menina ou mulher. Precisei lutar sozinha, isso quase me matou, mas eu sobrevivi e espero ver todos eles sofrendo como parte do seu karma, que a justiça leve todas as mulheres a sério e todo o seu sofrimento, que nenhuma delas necessitem se defender de uma forma drástica. Hoje, eu sei que nunca estive sozinha, que não sou completamente louca e que muitas mulheres dão a volta por cima com a consciência limpa e buscam se reivindicar por si própria.
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