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Pobre sociedade que contará comigo como engenheira química (brincadeira), me comprometo a dar o meu melhor, mesmo algumas vezes não sendo suficiente e ainda tenho o meu lado atrapalhado, muito atrapalhado. Finalmente irei começar a minha graduação em 2024, depois de um longo tempo fazendo técnico, agora vou entrar de cabeça em um desafio maior. Em um novo curso, na mesma área e tentarei trabalhar ao mesmo tempo, se não der certo faço algumas cadeiras e dou o meu jeito, nem que eu leve 10 anos para concluir. Sempre existe a opção mudar de curso, esse não foi o curso do meu sonho, então não posso garantir que serei uma engenheira mesmo, mas vou tentar e isso é o que importa para mim. O IFSul se tornou minha casa, em alguns períodos passei mais tempo lá, do que em casa, me acostumei com cada canto e me sinto parte do lugar, ainda me sinto e por isso fiz o vestibular lá. Na última tentativa, eu fracassei. Entrei duas vezes no técnico em química e agora uma vez engenharia química, talvez o meu destino seja esse, o IF e a química, estou mais do que realizada. Embora não seja surpresa, eu realmente nunca questionei a minha capacidade, apenas reconheci mais ainda, principalmente por quando eu não estava bem para ser aplicada (como costumo ser), no entanto ela sempre esteve ali e nunca me deixou completamente. Ainda falta o ENEM, eu não quero me iludir, mas adoraria ter mais opções e acreditar mais ainda no meu potencial, não que eu não acreditasse, mas sabe aquela crise existencial que bate às vezes? Que te faz questionar até coisas bestas que fazemos? Essa é uma prova contundente do quão capaz sou.
Odeio ver pessoas questionando o próprio potencial, colocando cursos de uma concorrência menor e pouco valorizado, porque não se acha capaz de ir atrás de sonhos altos, embora o tombo seja feio, eu posso garantir que voar é fantástico e vale a pena. Felizmente não sou coaching, todavia se alguém tão problemática como eu conseguiu, outro problemático ou normal também é capaz, não precisa ser um cérebro com pernas e nem tanta sorte. Daí se você não é o Einstein? Você nem sabe o conteúdo da prova ou a sua futura nota, não é igual o Enem, que tu escolhe o curso de acordo com a sua nota. O vestibular é isso, é assumir riscos, tudo ou nada, ano passado eu fui o nada e nem por isso desisti, valeu a pena e é claro que eu ia chorar muito, se eu não tivesse conseguido, entretanto sempre houve o 1%. Eu ainda paro e penso: "Eu consegui caralho!" Muitas pessoas dizem que consegui por me esforçar a vida toda, eu realmente me esforcei e foram muitas noites em claro estudando, sonhando e querendo ser alguém com um diploma em mãos. Não que eu não fosse gente por isso, porém era importante e sempre será, não pretendo parar por aqui e essa ambição me faz quebrar a cara, mas olha onde eu cheguei. Mais importante do que a dedicação, é arriscar e ser persistente. Cheguei até aqui com as minhas próprias pernas, todavia não posso negar a importância que algumas pessoas tiveram na minha vida. Inclusive aquelas que duvidaram da minha capacidade e o pior me fizeram duvidar, mas isso nunca me fez desistir e provei, comprovei e apresentei a contra-prova. Ansiosa por uma fotinha de beka, quase enlouqueci muitas vezes, parecia impossível aprender certas coisas e consegui com grandes professores, que tive o privilégio de conhecer (exceto alguns) e ver teorias próprias deles (nem preciso dizer isso por questão de nota).
O meu pupilo se realizou ao ser mãe, o grande sonho dela e ela merece toda a felicidade, a minha prima-irmã. Sempre torcemos uma pela outra, ontem, enquanto conversávamos, eu percebi que conseguimos e embora tenha parecido loucura nossa. Hoje, somos ainda infelizes com depressão, porém realizadas e conseguimos sentir vida em nossas veias, às vezes e é suficiente já. Ela com uma família conturbada (com problemas assim como as outras) e eu sem influência de poder ou condições financeiras boas o suficiente para não ter aquelas discussões sobre dinheiro, que são recorrentes em famílias de baixa renda ou classe média, além de poder pagar pelo sucesso e grandeza. O mais patético são os ricos que brigam por comida, pois sempre tem aquele que quer economizar na comida e os armários não são fartos. Nos erguemos mesmo com forças nada ocultas nos colocando para baixo, eu desejava que a minha prima estudasse e ela deseja que eu seja mãe, embora esse nunca tenha sido meu plano. Sorte? Nunca tive, eu era aquele tipo de jogadora que chuta no gol e acerta na trave, muitas vezes fiz isso e aposto que se fosse ao contrário, eu não acertaria . A "filhinha de papai" como muitos me chamam, preciso usar um cartão de crédito para parcelar pequenas compras e muitas vezes tipo 10x de R$8,00, eu não acredito que uma filhinha de papai faça isso e eu preciso disso. A minha mesada de motivação para seguir estudando é de 100 reais, assim compro minhas coisas, como roupas, coisas banais e para os meus pets, como consigo sobreviver com tão pouco? É simples, nunca tive muito e não compro coisas caras, tipo um pedaço de pano com uma marca com um preço alto pelo slogan. Espero um dia conseguir ter dinheiro para viver sossegada e dar para aqueles que amo uma vida digna, assim como eu tive sempre.
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