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Farrapos pela metade

Por que nos culpamos pelos erros dos outros? Me sinto um lixo quando o cara menti ou omiti que é casado, sinto minha autoestima minúscula, ela consegue ficar a nível microscópica e é constantemente desprezada pelos outros. Parece que nasci para ser a segunda opção, eu sou tão tola acreditando que sou vista mais do que um passatempo, que não posso nem sair para tomar um milk shake, sem aparecer uma surtada querendo me pegar pelos cabelos ou se permitindo fazer uma cena deploráve, sendo que não sei nem de onde saiu e nem que ela existia. Sempre me sinto indigna de encontrar alguém por inteiro, sem uma metade mentirosa, embora o pecado não seja meu, me sinto parte dele e talvez digna de um castigo, mas sempre é desproporcional ao tamanho do meu pecado, que não exerci nem o meu livro arbítrio de escolher comete-lo. O cara é perdoado pela mulher e a culpa recaí sobre a amante, como se eu não me sentisse péssima pela relação de merda alheia e por ter caído na armadilha.

Não creio que eu seja uma pessoa tão ruim, nem incapaz de viver algo intenso, a minha psicóloga me disse essa semana, que eu preciso me perdoar, que toda vez que eu penso em certas coisas, eu revivo e tento encontrar as minhas falhas. Entretanto o meu foco é o mérito do ocorrido e o motivo da pessoa ter me escolhido para me fazer de trouxa, não quero ser vítima e não sou ingênua, porém algumas pessoas amam se sentir superiores, por conta da arte da manipulação e se sentem muito espertas. Geralmente me questiono se vale a pena confiar nas pessoas, principalmente em uma relação e eu me sentiria tão insuficiente, mesmo que o único culpado é o traidor, enquanto o restante é causa e efeito, inclusive quem acredita, que será a escolhida e a outra rejeitada de vez, enquanto o outro decide enrolar as duas e o tempo vai passando sem ela perceber. A aceitação nossa como seres humanos no geral não deveria ter relação com a aceitação que recebemos, a culpa não é do nosso cabelo, corpo e entre outros aspectos, é exclusivamente uma desculpa para justificar a falta de caráter daqueles que nos diminuem para ficarmos pequenos e conseguir caber dentro deles.

Eu realmente chorei várias vezes por ser a segunda opção, ou ser enganada por um ser tão ignorante e narcisista, dói esperar o mínimo dos outros e acabar fazendo escolhas erradas. Talvez um dia, eu consiga ser tão egoísta ao ponto de não ligar para os sentimentos dos outros e ver como uma oportunidade de puro prazer, sem esperar nada e nem envolver sentimentos. Antes um vazio frequente, do que decepções constantes, quem tem um pingo de consciência, irá se sentir frustrado ou abalado por uma traição, pois não houve sinceridade e nem consideração. Meus pais me ensinaram os 10 mandamentos e sempre achei uma bobagem o adultério, até que cometi um e ao contrário da fornicação, me senti suja e não que 'ficar' sem compromisso, me desse paz. As pessoas buscam a auto-satisfação, sem retribuir ou simplesmente dar algo, conheci tantos egoístas e insatisfeitos com a própria vida, que só sabiam retribuir com desprezo camuflado com apelidos fofos para iludir, todavia esquecem dos outros ou nem tentam lembrar. Sempre pensei que se eu preciso mentir para alguém ficar comigo, então não devo ficar com essa pessoa e não sou assim. Não minto nem a minha idade e nem crio um mundo repleto de fantasias sobre a minha vida, é patético viver em um faz de conta para receber migalhas ou aplausos de um público tão ferrado quanto eu. Antes uma personalidade infantil, centrada, espontânea e entre outras coisas que são pouco compreendidas ou aceitas, do que uma imitação barata da Anabelle em casinha perfeita de boneca. Não sou culpada, ninguém é culpado por atrair coisas ruins e como disse a minha psicóloga, essas pessoas buscam pessoas boas, já que de ruim basta ela. Prefiro ser inteira sozinha, do que me contentar com metades defeituosas.

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Criado por Erika Galvão, 2024.

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