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Idas e vindas, o medo do adeus doloroso

Toda vez que um animal aqui de casa adoece, é sempre o mesmo sentimento e dor no peito. O medo de perder mais um animal é constante, mas pior ainda quando eles ficam doentes. Dessa vez foi a Flora🐱 e ficamos muito preocupados com ela, inicialmente eu pensei que fosse birra dela, pois são todos mimados, infelizmente não era só isso. Ela acabou parando de comer e a beber bastante água, ao ponto de ficar escondida e se urinar uma vez, comia apenas papinha que minha mãe fazia para ela e estamos lutando muito para dar o remédio, porque ela se recusa a tomar. Ela sempre foi muito receptiva com a medicação, eu mesmo dava os comprimidos para ela, desde quando ela não era castrada e eu não queria que ela entrasse no cio. É bastante complicado tentar identificar o que ela tem, ainda não sabemos, no entanto estamos dando anti-inflamatório para ela e aos poucos ela está voltando a ser como era antes, a comer e até se sentir menos fraca. Na última vez foi a Amélia🐱 que ficou afetada dos rins, ela não conseguia nem urinar e nem beber água, novamente lá fomos nós dar outro anti-inflamatório, que inclusive é o mesmo que a mãe dela está tomando atualmente e notamos melhoras, enquanto a Amélia🐱 melhorou após simples mudar a ração, já foi o suficiente para ela começar aos poucos a voltar ao normal e eu tive que monitorar o xixi dela (que fase). A Flora🐱 nesse meio tempo, ela acabou se apegando bastante a mim, não que ela não fosse a apegada desde antes, porém, ela parece se sentir mais segura e confiante dormindo comigo no sofá. Mesmo eu sabendo que ela não irá para o meu quarto dormir comigo, ela insiste em dormir em cima de mim e ali ela fica simplesmente plena. Embora seja difícil para ela dormir nos meus pés, ela ainda tenta e não é por mal que acabo colocando o pé em cima dela ou até machucando ela um pouco de leve. Ela é um amorzinho de gata realmente, porém principalmente nesse meio tempo eu fiz questão de dormir no sofá para reparar e nem fiz a cama. Na última vez, a Greyzinha🐱 teve convulsões e ficou muito mal, nunca vi algo assim e sinto medo de ver outro gato assim, eu realmente travei quando vi ela tendo convulsão e foi graças a Lorde🐶. Todavia a Flora🐱 segue se esforçando para melhorar e desejando se recuperar logo.

Perdi alguns animais infelizmente, alguns foram de forma muito dolorosa nos seus últimos dias e uma em especial, a Dark🐱, sofreu a vida inteira, até ela falecer. Eu não sabia se eu ficava triste ou grata por ela ter descansado, nunca vi e espero nunca mais ver um bichinho sofrer tanto quanto ela, como um animal estuprado e queimado de várias formas, com o corpinho cheio de infecção. Ela tentou ao máximo se recuperar, mas é difícil e me dói só de lembrar dela, porque ninguém merece passar por isso e ninguém nem tentou ajuda-la. Não consigo nem imaginar o quanto ela sofreu, porém, era admirável a força dela e a vontade de viver que ela demonstrava ter, mesmo estando em um completamente cruel e ela não deixou de acreditar nas pessoas. Ela simplesmente deitou nas folhas, dormiu e nunca mais acordou, meus pais viram ela e enterraram, eu lembro que nesse dia eu tinha aula, então fui levar comida para ela antes de ir. Chamei ela várias vezes e nada dela, quando cheguei em casa, a minha mãe me deu a notícia, e simplesmente não acreditei, porque ela parecia estar melhorzinha. Embora ela nunca tenha melhorado na parte de trás, espero que quem fez isso com ela, sofre três vezes mais, do que ela sentiu, mas ela não sentiu como é ser mimada e ela merecia muito mais fizemos o que podíamos, porém, não foi o suficiente para ela sobreviver. Todos que partiram foi como se fosse a primeira perde que tive, muitos desses animais me fizeram sorrir e me viram chorar, daí eles simplesmente ficavam comigo, como se eles entendessem a minha dor e isso era suficiente para eu me sentir consolada. Quando perdi o Rex, que eu criamos desde filhote, ele se tornou um ser agressivo por conta da criação dele, ele vivia preso e quando ele adoeceu do olho já foi horrível, mas ver ele com um tumor exposto na cabeça foi doloroso, ele se escondia, rosnava para a gente e não queria que eu visse ele, eu sempre chorava muito e nós não podíamos fazer nada, porque ele não permitia e avançava até em nós aqui de casa, até considerei acabar com o sofrimento dele. Quando ele faleceu, por coincidência no mesmo dia, chegou o Fantasma🐺 do meu irmão, por mais que eu tentasse me sentir feliz, por ter chegado um novo cachorro aqui em casa. Eu me afundei mais ainda da minha depressão com a morte e o Fantasma 🐺 e a Hannah 🐶 tentavam me consolar, o problema é que nenhum deles era o Rex🐶. Todos os nossos animais foram enterrados aqui na horta, quase um cemitério de seres especiais e marcantes, no lugar onde a minha mãe enterrou a Greyzinha, ela plantou várias mudinhas de flor simbolicamente para dizer, que mesmo que ela tenha partido, ela ainda deu vida as plantinhas e até hoje está cheio de flores onde ela está. Eu sempre enchi de flores quando eles se foram, para dizer adeus e que eles merecem descansar de toda a dor, pois eles não mereciam e nem eu queria ver eles sofrendo, nunca tivemos condições de levar eles em uma clínica veterinária, por conta dos custos e faz falta um SUS para os animais. Então compravamos os remédios com base no dono de uma agropecuária, que entende um pouco sobre os medicamentos e tenta ajudar do seu jeito. Assumimos o risco no desespero, graças a ele muitos animais foram salvo aqui, inclusive os que partiram e tiveram alguma doença antes de todo o final. Lembrar deles ainda me faz chorar de saudade e que cada um deles me marcou de um jeito. Sempre quando eu estou mal da minha depressão, aparece um animal novo, alguns deles foram apenas temporários, tento ter fé e pedi para que Deus me desse um sinal para eu continuar viva e esse parece um bom sinal ou uma grande coincidência, que me faz continuar aqui e me questionar o valor da minha vida, coincidência ou não, é algo que mexe comigo. Será que Deus ouviu quando pedi para ele curá-los? Perder um animal ou pessoa é uma dor imensa, não como um infarto ou uma crise de ansiedade, é como se ele estivesse partido e que nada irá ajudá-lo de novo. Perdi poucas pessoas que eram importantes para minha vida, por isso posso apenas falar da minha experiência com animais principalmente. Embora muitos digam que não é a mesma coisa, eu realmente acredito que a dor da partida é dolorosa para todos, independente de ser uma tia próxima ou o seu cachorro que pula em cima de você toda manhã para te acordar. Realmente acredito que para as dores existem intensidades e o luto é diferente para cada um, alguns nos marcam mais do que outros e isso não deveria ser diminuído a pó.

Ainda lembro do latido do Rex🐶, da Pepoza🐱 embaixo do fogão, da Dark🐱 correndo para nos encontrar na horta, da Greyzinha🐱 vindo correndo até ao nosso encontro e se rebocando na cama, do Trovão🐶 se escondendo da gente para não ter que brincar com a gente, a Brenda🐇 correndo no pátio ou fugindo para a horta para comer (nunca dei "adeus" para ela), de eu e a minha mãe dando chá para o galo e entre outras recordações. Nem mesmo dois cachorros são capazes de ser tão extravagante quanto o Rex🐶, além da mania de dormir na janela do meu quarto, mesmo com um frio de rachar e com uma caminha quentinha. Todos os animais que eu tive foram os meus anjos, quando eu não tive mais ninguém, eles sempre estiveram lá e até animais que nem me conhecia, ou vice-versa, enquanto isso as pessoas diziam que não queriam piorar a situação. Entretanto na verdade parecia que não queriam se envolver com uma pessoa problemática, nem as melhores amigas e nem mesmo alguns parentes. A pessoa que mais esteve comigo foi a minha mãe e os meus animais, não que eu não senti falta de certas pessoas, que não estiveram tão dispostas a estar lá quando eu precisava levantar, porque tive momentos bons com elas e isso também é importante, não posso reduzir elas apenas por não estarem lá sempre. A minha amiga de infância mesmo estando distante por motivos de estarmos em outra fase, não significa que me esqueci dela e de tudo que vivemos na infância, não desejo o mal para ela e espero que ela também não me deseje. Algumas pessoas nos marcam mais do que outras, então está tudo bem sentir saudade, mesmo que elas tenham errado, assim como eu também devo ter errado, como quando não fui nos 15 anos dela pela minha fobia social. Nem tudo precisa ser deixado para amanhã, pois a morte é um final certo, até Jesus vivenciou, não devemos adiar todas as palavras, porque perdem o seu valor no silêncio e de nada adianta dizer para um caixão, sei que o adeus é algo nosso para nos dar paz de espírito. Não me arrependo de ter adotado os meus animais, mesmo sabendo da morte deles e isso não afetou o amor que sinto por cada um deles, porque eles mudaram a minha vida completamente. Não consigo me imaginar sem eles naqueles momentos vividos, nesses momentos atuais e nos futuros ainda, além de eu ter certeza que dei o meu máximo para ajudá-los e tenho certeza que na mente deles mesmo sendo irracionais. Eles sabiam o quanto nós aqui de casa amamos eles, tentamos salva-los e algumas vezes o olhar deles diziam a gratidão que eles sentiam e a admiração. Posso ter falhado com eles, porém não foi por mal e nem nunca irei desejar isso para qualquer ser de quatro patas principalmente. O prazo de vida é curto para eles, ainda assim é suficiente para marcar a vida daqueles que conviveram conosco e para alguns ainda convivem em espírito.


Desculpa, me empolguei.

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Criado por Erika Galvão, 2024.

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