Provavelmente eu herdei do meu pai a mania de escrever, pois a minha mãe guarda todas as cartas, os cartões e os postais. Todos do meu pai, que nunca foi bom para se expressar falando, mas ele escrevia ali tudo que sentia pela minha mãe e ultimamente tenho escrevido em nome dele para a família, por ele me conhecer e eu saber o que ele diria, por isso escrevo em seu nome. A falta de afeto dos pais dele interferiu diretamente na pessoa que ele é, não havia ninguém mimando ele e ele era apenas um garotinho. Meu pai e os meus tios nunca perderam os pais, porque eles nunca tiveram pais realmente, que os protegiam e os amavam, não sei o que é pior, não saber como é se sentir amado ou se sentir amado e simplesmente ser deixado de lado repentinamente.
O meu pai estudou até a sexta série, nunca teve aulas de literatura mesmo, ainda assim ele sabia realizar harmonia entre as palavras. Os meus pais odiavam quando eu e o meu irmão zombavamos dos recados amorosos, então eles mantinham em segredo e poucas vezes li o que dizia, hoje entendo a importância de passar para o papel cada história vivida e estória articulada. Queria entender melhor o meu pai, mas ele é fechado e omiti muitas coisas por questão de segurança dele. Sei que ele carrega muitas coisas, que são dolorosas e os meus pais decidiram formar uma família, a própria família. Construíram a própria casa do zero, adotaram um cachorro e em seguida eu e o meu irmão chegamos, o meu pai era órfão e a minha vó infernizava os meus pais por ser contra o relacionamento, desde pequena a minha mãe tinha uma relação complicada com a minha vó e o meu avô era o melhor amigo dela.
Somos o oposto e ao mesmo tempo tão semelhantes em diferentes coisas por mais complicado que seja assumir sei que sou, enquanto a minha mãe estudou até a 8ª série com trapaças fúteis e ela exala total apatia. A minha mãe não sabe demonstrar muito bem, por isso só ela recebia do meu pai e todos os sentimentos eram muito bem colocados de forma significativa, era uma novidade tudo aquilo e resultou em algo positivo para a vida dele com um futuro diferente e meu pai merecia mais. Os meus pais não tinham muitas referências de como deveriam ser, já que tinham muitos exemplos de como não ser e eles acertaram, pois eles realmente querem serem bons de verdade. Desde pequena, eu escrevia diários com os meus garranchos que pareciam códigos, que ficavam escondidos no meu quarto por contar muitos segredos embaraçosos sobre a minha vida.
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