Guardei os meus cadernos e joguei todos os papéis para queimar, não quero mais saber de tudo aquilo e foi uma jornada que mal começou e já terminou, por diversos motivos, desde um professor estúpido ou por questões de pouco conhecimento, ignorância do meu professor (não na questão de conhecimento dele sobre o que ele nos passava, ou deveria ser mais paciente) e diferentes patamares dos meus colegas. Não sou uma burguesa de nariz empinado, muito menos rica, não fui criada assim e nem sou interesseira. Parece que tudo deu errado e não sou a inocente por isso e muito menos a culpada. Lido com as minhas questões e isso me atormenta ao ponto de me calar em certos momentos (não foi o caso com o professor), então isso me sufoca, como se houvesse uma corda no meu pescoço e mesmo sendo metafórico é real essa sensação.
Me odeio por ser assim e não consigo mudar, e não ser normal, parece impossível e são tantas recordações boas e ruins, que estão lá no passado e não existe como voltar lá e nem apagar elas. Me sinto rodeada de fantasmas, com receios e que não consigo simplesmente esquecer. Ninguém conhece o tamanho da minha mágoa, são tantas feridas expostas e alguns sentem prazer em ver elas sangrando. Queria sumir sem olhar para trás, deixar tudo aqui, sem recaídas e psicologia barata, tudo se foi e precisa ser arquivado nas minhas outras gavetas da minha mente em ordem cronológica. Não vou ser mais sociável ou algo do tipo, nada pode me tornar agradável aos olhos dos outros, provavelmente nem terapia de choque resolveria ou algo do tipo.
Qual será a solução para as lembranças que são sem solução para retornar ou apagar elas, que vivo dando replay, talvez a distância seja um bom remédio a curto prazo, todavia duvido com base em outros momentos. Os cadernos contando sobre tudo o que acontecia e aconteceu, coisas que não me fizeram bem e eu necessitava esquecer parte daquilo para seguir em frente de algum jeito . Guardo os meus cadernos da primeira série, pensava que eu poderia ser um gênio futuramente e se caso acontecesse algo comigo, alguém poderia mostrar na televisão, toda minha superação e o quanto foi difícil. No superior passei por coisas difíceis, como zerar uma prova, porém não foi nada perto de ser chamada em um tom esnobe e crítico por ter aquela dúvida, mesmo depois de eu assumir que não sabia. Parece que voltei naquele tempo de infância de dislexia, um grande retrocesso, e agora preciso definitivamente recomeçar e não posso deixar o veneno de um professor me matar lentamente para satisfação dele.
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