
“Por que você saiu de noite?”
“Por que você bebeu?”
“Por que você foi em uma boate?”
“Por que você foi em uma festa sozinha?”
“Por que você usou essa roupa?”
Essas são algumas das perguntas feitas para uma vítima de assédio ou estupro. A denuncia sempre causa esse complô de perguntas em fóruns ou rede sociais, e em muitas situações atacam a vítima, que começa a sentir culpa por ter vivenciado algo tão terrível, ainda questionam a sua própria integridade em um momento de tantos questionamentos errados feitos e os defensores são tão culpados do que o grande culpado. Ele deveria ser julgado perante um juiz, para custear o tratamento da vítima e pagar judicialmente, sem direito a uma fiança para ficar impune. As pessoas se escondem atrás de uma família, um emprego ou a imagem fictícia virtual e do círculo social, se aproveitando dos falsos valores morais e éticos. A sociedade precisa parar de culpar a vítima com base em suposições injustas, a vítima está seguindo a sua vida pessoal ou social, e ninguém tem o direito de violar a dignidade e o corpo alheio. Se um cara casado com filhos e uma esposa espetacular deve for apontado como um criminoso, independente de ser uma única ação isolada, ainda assim nada justifica ou livra da culpa. O agravante de danos morais também se aplica a própria família, que provavelmente não esperava que a pessoa fosse um violador e recebem críticas até os familiares, todavia são passadores de pano de macho, que poucos questionam a atitude mesquinha e egoísta, portanto preferem culpar a família e a vítima por algo que ninguém pediu para vivenciar.
O homem realmente nasce vítima de uma sociedade? Discordo, somos os responsáveis pelas nossas ações e escolhas, então homens não são forçados a abusar de alguém e são os únicos culpados por todo mal causado. A submissão feminina nunca deveria ter sido aprovada pela nossa sociedade, não nascemos para servir aos homens e apenas os covardes inferiores sentem medo de ficarem abaixo de uma mulher. Então o questionamento que recomendo é “o que dá o direito ao abusador de cometer tamanha barbárie?”
O agressor deve ser julgado como um ser humano e do tipo que comete o crime seguro de que o crime de um “bom homem” será minimizado por suas boas ações, porém uma coisa não anula e nem justifica uma atrocidade. A lei é para todos, sem exceção e é inaceitável qualquer defesa descrever como um “caso isolado”, sendo que esse caso acabou condenando outra pessoa a conviver com esse fardo injusto. Ainda usam outras mulheres como exemplo de respeito, mas pouco adianta respeitar algumas apenas e outras tratar como objetos usados. Pouco importa e nada diminuí o trauma de uma vítima, independente de ser um pai, um irmão, um filho, um sobrinho, um genro, um neto, um tio, um afilhado, um enteado, um sogro, um dindo, um amigo, um padre, um pastor ou seja o que for; nada vai diminuir o ocorrido e a escolha de cada um continua sendo egocêntrica. As pessoas tentam colocar na balança as ações de forma racional e esquecem o peso emocional também, pois são desprovidas de empatia e são sádicos nojentos, que tentam justificar o injustificável usando desculpas abomináveis.
O crime é justificado como um momento de insanidade ou surto apenas, mas a defesa consegue usar o lado mais obscuro para tentar livrar o acusado e com brechas horrendas. Desde pequenas, as meninas recebem um manual de como se comportar, entretanto os homens estão livres de certas tarefas e padrões de comportamento. Quando eu era apenas uma garotinha, eu recebia recomendações de como me sentar e me comportar, principalmente aos sábados na escolinha quando meus pais iam na igreja, me tornei referência para uma menina que tinha poucos anos de diferença, ela não sabia usar saia e nem conseguia ficar calada. A mãe dela era a professora, ela me fazia dar graças pela mãe que eu tinha e aquilo parecia tão fácil, mas na verdade não era para todas e aquela menina se sentia tão pressionada a ser uma “mocinha” comportada que cruza as pernas usando saia ou vestido. Aquilo era uma tortura, todos aqueles bons modos nunca foram úteis e só recebemos elogios que não dão dinheiro e nem diploma, então qual é a necessidade de obrigar uma menina a usar saia? Até quando meninas serem responsabilizadas pelas grosserias masculinas? Se um menino passa a mão em uma menina, apenas ele deve ser punido e questionado. Quando eu estava na 7° série, uma amiga na época levou um tapão nas pernas e a coordenadora foi na nossa sala chamar as meninas de vadias, aquilo fez o meu sangue borbulhar e senti uma imensa vontade de dizer que usávamos short por causa do calor apenas. Aqueles garotos nunca saberiam apreciar a beleza das nossas pernas e nós tínhamos essa certeza, então pouco importa o que eles pensavam, mas a coordenadora ridicularizar as meninas por se vestirem sem uma burca, é patético e ridículo. O garoto recebeu uma ocorrência e a turma recebeu cartão verde para tratar as meninas com respeito do tamanho do short delas.
Toda terça feira essa coordenadora estava de folga e todas as garotas podiam usar short livremente sem receber ocorrência ou suspensão. Os garotos nunca respeitavam as meninas, independente da roupa e a direção da escola mesmo sendo formada por mulheres em grande maioria, elas eram machistas e culpavam as gurias pelos pervertidos. Ninguém fazia nada para corrigir eles, nem no inverno eles nos deixavam em paz, mas a culpa são dos hormônios e as meninas devem controlar o que sentem por serem mocinhas, porém não funciona assim e sentia nojo não apenas dos meninos. Não era atoa que a maioria era solteirona e infeliz com a própria vida amorosa, mas o pior de tudo são os absurdos usados para culpar a vítima pelo assédio e dizer que os garotos estão livres para serem irracionais livremente.
Comentários