O amor da sua vida não te transformou em princesa, simplesmente te transformou em um boneco de madeira cheio de cordas, não importava mais os seus pensamentos e desejos. Na parte que deveria ser oca, era tomada por medos e inseguranças, nada era espontâneo, o seu corpo deixou de ter vida e se transformou em algo simultâneo ao seu guia. As cordas mesmo cortadas não tornava nada mais vivido, parecia tarde para aquele ser, alguns preferem viver assim, dependendo de terceiros e tornam a eternidade um doce, perto do que viver presa em algo. Minha avó paterna era assim, como se não bastasse, apanhava do fdp. Felizmente faleceu cedo e se livrou da vida miserável, de ver filhos passando necessidade e do traste do marido. O seu mestre morreu depois, o romance nunca existiu e nem o felizes para sempre, em alguns casos só nos resta a morte mesmo. Minha vó tentava fazer movimentos fora dos mandados pelos seus filhos, o que lhe fez aumentar seu medo e se reprimir mais, porém se desdobrava sabendo que a culpa pelos fracassos de seu mestre cairia sobre ela e uma surra que sempre sobrava para ela. Enquanto a minha vó por parte de mãe sempre sabia qual corda sua puxar ou soltar, quando meu avô morreu, não foi o nariz que passou a crescer, no caso dela foi a língua e continua assim até hoje. Todas as mulheres desde pequenas recebem ordens e seu papel é designado, serem manipuladas por seus maridos, sempre poupar tempo de seu amado com poucas cordas, assim como os neurônios que há nesses sádicos dominadores. O casamento e maternidade são as palavras chaves dos roteiros, o Pinóquio era uma fantasia, de que era impossível se criar vida sendo um boneco de madeira oco. Não quero virar fantoche de ninguém, se o amor for isso, simplesmente quero morrer sem conhecê-lo e viver solitária. Sempre achei assustador esses bonecos com sorrisos berrantes e olhos vazios, como alguém pode querer dar vida para isso usando cordas? Sinto medo de me transformar nele, naquele sorriso e olhar. Uma vez, eu comprei um boneco de cordas preso em uma corda e duas hastes, que quando pressionadas dava movimentos ao boneco, era diferente e o mais próximo que cheguei de um fantoche na vida, era engraçadinho e viciante, principalmente por ser uma lembrança da cidade de Gramado, amei mais do que o meu irmão, que ganhou o presente e tinha o capeta no corpo naquela época.
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