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O progresso da relação familiar

Nada pode superar a satisfação de encontrar a família reunida sem discussões em um final de semana com fofocas ou contando histórias da semana. Nunca pensei que a minha família poderia ser aquela vendida em rótulos de margarina, não tão perfeita e nem comportada. Depois de anos com um péssimo histórico de discussões ou simplesmente não querendo viver aquele momento, eu não senti algo assim depois de inúmeros momentos de conflitos entre a gente. Ninguém quis correr da mesa, sem desculpas fajutas, sem ninguém levantar a voz e sem suspiros longos para não pular no pescoço de alguém. Ouvi inúmeras pessoas enaltecendo a minha família, porém nunca me senti privilegiada como eles diziam, eu costumava me sentir sozinha e reprimida inúmeras vezes, que até perdi as contas. Qualquer comentário podia ser massacrante, não me sentia segura para falar sobre qualquer coisa e pensei que seria assim até o fim.

Sinto que algo pode ter mudado pelo medo de ter os filhos distantes por consequência do tratamento opressor que fui criada. Se alguém perguntasse sobre como eu veria a relação familiar, nem uma vidente saberia explicar a drástica mudança. Provavelmente teria me afastado de todos na primeira oportunidade e o meu irmão também. Ninguém quer ficar em um lugar que não é bem tratado e era como eu me sentia, eu simplesmente chorava por não ter a família que todos elogiavam pelo que aparentava superficialmente. A minha relação com o meu pai sempre foi péssima, ele me machucou de tantas formas e vezes, que eu sentia medo de contar algo do meu dia a dia, por ele transformar em algo horrendo ou algo sem sentido algum. Eu tinha um pai presente, entretanto eu deveria lembrar que a nossa relação só iria durar, se eu segurasse a minha língua sobre tudo que passava na minha cabeça e isso era difícil, porque sempre fui espontânea com os conhecidos próximos e eu só queria que ele sentisse orgulho da única filha que daria a vida por ele. Sempre tive dúvidas sobre o quão difícil era para ele me amar e no que eu poderia melhorar, mas nunca consegui ver o que de fato interferia nisso, talvez o fato de eu ser apenas eu mesma.

Não era feliz e nem devidamente grata por ter uma família completamente feliz, o problema era sempre com a mesma pessoa e isso era exaustivo, tanto prova que essa pessoa mesmo mudada acaba sendo evitada. O mais assustador é sentir medo de perder algum familiar, após essa grande mudança e isso deixaria um buraco grande em nossas vidas. É a primeira vez que me senti grata de fato pelos sorrisos e deboches de todos, sem correção ou depreciação. Pensei: "Será que é de fato a minha família?". Se desse para armazenar esse momento em uma única animação, não conseguiria de fato capturar qualquer reação espontânea e sem fingimento para terceiros nos enaltecer. Nunca irei esquecer cada estante que vivenciei, uma família que não é rica e nem sempre foi tão unida, todavia é a mesma que evoluiu muito e se manteve viva o suficiente para vivenciar bons momentos em um café ou saída para espairecer um pouco em novos ares. A família da margarina sentiria orgulho da minha, por não viver de apenas imaginem, assim como a minha costumava ser, e repentinamente passou a ser motivo de admiração e trouxe uma sensação de segurança, afinal eles sempre estiveram ali e passaram a acrescentar em nossas vidas como um todo em momentos raros.

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Criado por Erika Galvão, 2024.

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