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Panelinha

A largada foi dada, o período letivo começou em uma turma nova, apenas uma ex colega do técnico em química, não sou odiada e tento ser educada com quem é. O meu único professor conhecido não é muito amado pela história que tivemos, mas espero realmente que ele tenha mudado, inclusive ele e outro professor me fizeram repensar muito sobre a engenharia química. O mesmo aconteceu no técnico, mas o professor desatualizado se aposentou, daí veio esse que desandou mais ainda e depois tive um ótimo professor, além da aparência, a didática dele me fez aprender mesmo o conteúdo. Resolvi mandar para os quintos e arriscar na engenharia, se não for o caso, eu mudo, é que sempre existe uma probabilidade de encontrar um desses professores traumatizantes, nem todos tem a capacidade de evoluir como profissional ouvindo os seus alunos e evitando prejuízos. Eu sempre me atirei de cabeça no que eu faço, tenho muitas dificuldade, entretanto vou além dos meus limites e alguns professores pensam que a obrigação dele é passar o conteúdo e os alunos que se virem para aprender.

Os grupinhos já estão se formando e as duplinhas também, detesto o desprezo que olham para os de fora, não estou ali para fazer amizades e as turmas são rotativas para os aprovados e os reprovados. Sinto receio de me envolver com aquelas pessoas que te julgam e criticam pelo pouco que conhece, aliás isso me desmotivou inicialmente no técnico e não quero passar de novo, eu quero paz apenas e mereço. A interação com os meus colegas é um dos requisitos do curso, entretanto ele não foi requisitado ainda, então vou me limitar ao máximo aos estudos e geralmente funciona melhor assim. Dá para notar quem vai desistir ao longo do semestre ou curso, as mais sorridentes e falantes principalmente, o calado é difícil distinguir se é persistente ou ficará esgotado. O curso em si te suga, te faz levar grande parte das suas relações para dentro da instituição, já tive até mães de curso, que eu via mais do que a de sangue e uma amizade que não vingou depois. A amizade em sala é prejudicial no foco acadêmico, sempre tem o engraçadinho que não se aguenta e eu sou assim, só que não consigo mudar e sozinha não dá para eu fazer comentários, principalmente de deboche e sarcástico. Os relacionamentos dificultam mais ainda, a pessoa quer ser o foco com ou sem hora vaga, foge da moralidade e bom senso por puro prazer, após a excitação.

A amizade com professor é uma pura ilusão de que isso te dará nota, porém não é assim e só prefiro manter eles por perto, pois não sei o que o futuro me reserva e preciso de cartas na manga, não é manipulação, é ilusão de que servirá de algo e não resolve. Exceto para conseguir pesquisas, que além de eu necessitar, eu quero muito e tenho interesse em seguir nessa área. Inicialmente a minha prioridade era o dinheiro, com o passar do tempo, eu entendi a necessidade de tentar encontrar uma fórmula aprimorada para tratamentos psiquiátricos, que além de comprovar, eu preciso ajudar quem passa por isso. A possibilidade de eu me beneficiar é baixa, mas senti na pele e não desejo para ninguém, eu sou uma paciente instável depois de 6 anos me tratando com a mesma profissional, que é excelente e sempre disseram que depende exclusivamente de como eu lido ou reajo. A engenharia química não é o meu sonho, todavia eu seria mais útil no laboratório com acesso a substâncias, legalidade, autonomia e é de interesse da sociedade no geral, eu posso partir em cima de estudos avançados, comparando a similidade e efeitos colaterais, tipo as "ina". Posso parecer maluca e desesperada, mas é alguém que acredita nessa doença, no quanto sou afetada e muitas outras pessoas, um índice de tentativas contra a própria vida é imensa, porém não somos reportados por conta de gatilhos, no entanto acontece muito e eu quase fui um número. "Fulano se matou, o número é tal." Eu quase fui esse número, acredito que muitos quase foram, pessoas que negam e dizem que a vida é uma dádiva divina, portanto as crises depressivas não são racionais e muitas famílias acabam sofrendo com esse número ou pela ignorância generalizada.

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Criado por Erika Galvão, 2024.

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