Cresci com pais que revezavam para ficar com a gente, enquanto o outro trabalhava e outro ficava com a gente, eu detestava futebol e como era maioria, eu era forçada a assistir junto com o meu pai e irmão. O meu irmão torcia para o time que estava no topo da tabela e a minha vó dava dinheiro para eu e o meu irmão torcer pra o Grêmio (óbvio que fui influenciada). Meu pai acredita que eu torço para o maior rival do Inter, por pura teimosia e eu ser do contra, mas ao mesmo tempo era: "futebol é coisa de homem" e minha palavra não tinha muito valor nisso. Na adolescência, eu comecei a assistir futebol para ter o que falar com os garotos, já que a minha aparência não era das melhores e não conseguia fingir ser gentil. Na educação física, era só futebol e eu precisava de nota, então jogava e comecei a aprender mais, além de jogar no computador também, se eu fosse mais paciente, eu conseguiria ir além nos jogos. Era duas ou três garotas para entrar nos times dos garotos, que detestavam a gente e não queriam a gente ali. Tinha dias, que eu era boa e em outros, eu era uma derrota em campo e como ninguém queria ir para o gol, eu era a premiada. Os pernas de pau me culpavam pela derrota, como se eu fosse o único jogador em campo. Os pés de chumbos davam cada chute, que quase quebrava o meu pulso e essa finalidade me fez ter a mão pesada, e isso se tornou uma ótima defesa contra eles.
Provavelmente você já ouviu que fulano joga igual mulher e isso não é um elogio para quem diz, até chegar as olimpíadas de 2024 e os homens estarem em casa assistindo o futebol feminino, por total incompetência em campo. Dizem que mulheres são histéricas, todavia é porque provavelmente, você não viu um homem machista com ego frágil e fracassado chorando nas redes sociais. Um desses histéricos fez questão de me jogar na cara, que a seleção masculina ganhou duas vezes e foi logo defendendo o menino que é um burro velho já. Apenas tenho a dizer: Marta ganhou 6 bolas de ouro, como a melhor jogadora e o menino burro velho ganhou zero, além dela ser embaixadora da ONU e é tanto ouro, que ela é uma rainha. Passei a evitar assistir futebol (exceto a seleção), por causa da minha ansiedade e isso estava me afetando, atualmente não assistiria nem morta qualquer copa, pois é tudo manipulado para lucrar com os apostadores. Nunca vi um goleiro do nível da Lorena, sinceramente acredito que nunca irei ver e fazia um tempo que eu não via alguém jogar por amor a camisa evidentemente. Principalmente, na escola pública, o professor não insiste nos outros esportes e acaba ficando no futebol, portanto não para por aí, muitas meninas são criticadas pela paixão pelo futebol e muitas acabam desistindo dos seus sonhos por parecer algo impossível e por não condizer com a realidade de muitas delas.
Sabe o motivo delas jogarem por amor a camisa? Não vi nenhum patrocínio direto com qualquer uma delas, eu assisti alguns com as ginastas (e merecem todo esse patrocínio), entretanto não vi nenhuma propaganda das grandes marcas com as mulheres do futebol. Se o masculino estivesse jogando futebol, haveria caras deles estampadas para todos os lados e iriam receber uma bolada sem precisar fazer nada. Não vejo comoção maior do que das mulheres após uma derrota, porque só elas sabem o quanto batalharam para estar na seleção e entraram atrás de uma vitória, independente de dinheiro ou grandes propostas. O país do futebol se tornou de todos mesmo, infelizmente daqui a pouco ninguém vai lembrar quem foi a Rebeca ou a Rayssa, porque aqui não somos ensinados a respeitar todos os esportes. Muitas mulheres acabam indo para outros países, para seguirem os seus sonhos, longe de sua família e cultura. É triste passar por tudo isso e ver certo esporte e homens recebendo mais para entregar algo tão ruim. Como se não bastasse, ainda estão envolvidos em esquemas de apostas para perder em troca de uma certa quantia de dinheiro, decepcionando o time e a torcida. Para olhar um menisco, a gente deve olhar com a mesma altura, nem de baixo e nem de cima para não interferir no resultado, não se pode igualar os méritos e oportunidades diferentes que alguns recebem. Então ouro ou prata será algo tão grandioso para elas, pela perseverança e a tão desejada conquista. Não precisa ser feminista para chegar nessa conclusão.
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