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Uma semana movimentada em meio a pandemia, que fará dois anos já e ninguém sabe ao certo o que fazer. Quando eu finalmente fui vacinada, o vírus sofreu várias mutações e uma delas altamente contagiosa, o vírus Delta, que por ironia tem o mesmo nome de uma fórmula de matemática, que eu detestava e detesto ainda. Nada que não possa piorar quando o tema é deteriorar, a fórmula virou vírus e eu consegui finalmente me vacinar em um país que despreza a ciência ultimamente, evitei a TAG #FiqueEmCasa, pois as pessoas precisam se conscientizar e vão precisar sair de casa em algum momento, eu tive e sempre tentei me lembrar da minha máscara, álcool em gel, fiz o possível para me proteger e ao mesmo tempo me preocupava com o meu psicológico para ele não piorar novamente. Semana passada foi corrida, ultimamente nos últimos anos a minha síndrome do pânico piorou e relembrei disso quando fui com a minha mãe no trabalho dela. Quando eu estudava tinha crises diárias de pânico, raiva, choro e outras coisas desgastantes para quem senti, todavia o fato de eu começar a ficar alerta como um filhote na Savana em um super atacado cheio de comida, parecia que eu estava enfraquecendo e o meu corpo não conseguia mais suportar.
Foi então que reconheci os sintomas, taquicardia, tremores, visão turva, perdendo a força nos braços, cabeça explodindo, desespero e vontade de chorar; era uma crise novamente, necessitava do meu Rivotril que parecia ter tomado chá de sumiço e estava tão mal que perdi um comprimido da minha dosagem de 4 comprimidos. O meu corpo e mente pararam com os sintomas, mas nem sempre encontro ou simplesmente esqueço de carregar o remédio, pode parecer algo simples e que surgiu na pandemia, porém já existia essas crises antes e inclusive passei a ter crises frequentes em casa. O pânico se tornou mais frequente e real com o vírus letal, até voltei para a terapia e ouvi o mesmo que a minha psiquiatra, que estava sendo racional e ao contrário dos meus irmãos evitei contaminar a minha família. Não sou referência, mas sou paranóica, eu sempre tenho motivos para ser e sinto a necessidade de demonstrar reação, que estou tentando ir para algum lugar nesse mundo. Passei a estudar em casa virtualmente, vendo, marco, busco material, surto com a fatura, tento ser atenciosa com a minha bicharada e acabo surtando por ter tudo isso para fazer, até deixei de lado a escrita e nem tenho atualizado as minhas redes sociais como antes.
O meu desabafo é feito em lágrimas ultimamente, o dinheiro nunca sobra e a antiga rotina está voltando junto com um estágio obrigatório, ainda existem aqueles que dizem: “calma, você tem todo o tempo do mundo.”, entretanto não tenho e preciso tomar um rumo, antes que tudo não possa se concretizar por culpa do presidente ou de outra fatalidade, pois perder tudo é fácil e conseguir vencer é algo trabalhoso. Os meus pais em breve vão precisar da filha e do filho para ajudar de várias formas, ainda mais a irmã mais velha que é a responsável sempre e eu sou, logo eu. Saboto qualquer relação para me proteger e acabo me machucando mais ainda, não me sinto segura nunca, então não quero ter um ataque de pânico no quarto de alguém e nem ser o centro das atenções em um encontro, sinto medo misturado com vergonha. Não quero ter um serzinho dentro da minha barriga por inúmeros motivos justificáveis, todo homem quer um filho e não posso privar ninguém disso, além do mais um feto não sobreviveria com as crises e medicações, pois o bebê ia tomar o leite misturado com Sertralina e nem todo o Rivotril do mundo me tornaria em uma pessoa calma e normal. Fico animada com álcool e remédios, depois tudo volta a ser preto e branco, a fobia deixa de ser uma fraqueza quando você tenta reagir mesmo que a correnteza me leve para a direção oposta e a força vai se afogando. Sem força, somos apenas levados e pouco importa por quem, porque o conformismo se torna a nossa sentença de morte e eu estou cansada dessa correnteza.
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