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The Road So Far


As pessoas fazem parecer algo tão fútil assistir séries, a primeira série que maratonei foi Supernatural e assisti 9 temporadas em menos de 3 meses. A minha amiga na época vivia insistindo até ela me emprestar a coleção dela, passava muito tempo no quarto e nas férias arrumei a desculpa perfeita para ficar mais isolada, mas a minha mãe tentava se aproximar assistindo alguns episódios e a minha amiga vivia aqui em casa. Menos o meu pai e os irmãos criticavam a série, mas o caçula era por ele não gostar apenas, por birra de irmão e me respeitava (exceto nas nossas discussões). Era um verão infernal e o meu pai estava no modo Mussolini, que era quando ele impunha algo sem antes tentar dialogar ou conhecer, acabava ouvindo que eu sou a culpada por atrair coisas ruins, pelo que eu assistia e por ele ser o dono da razão e pronto. Naquela época, eu via e ouvia coisas desde antes de eu entrar no modo terror demoníaco, justamente por isso que busquei respostas e Supernatural foi além do mundo sobrenatural. A história e o enredo mostram que nunca devemos ser céticos por não ver algo, que família é a última recordação que teremos no final e não necessariamente serão do mesmo sangue.

Todos tivemos um laço assim com alguém/algo, pois existem inúmeras formas de amar... Colocando os interesses alheios acima dos nossos para proteger o outro, que a família que conquistamos ao longo da vida, nos buscaria até no inferno e o amor é puro, sem duplo sentido ou segundas intenções. Os crentes chamam de blasfêmia, mas algumas crenças foram retratadas de formas liberais com mexidão de culturas e crenças, aprendi que fugir não é parte da solução e nem cobrir os olhos. O ensino médio já era um completo caos, me sentia mais deprimida e sufocada por todos esperarem mais e mais, arrumei a desculpa perfeita para ficar no quarto assistindo deprimida e com inúmeras tarefas, principalmente trabalhos para apresentar e provas para fazer. Fiquei parecendo um zumbi, ainda mais nas férias que trocava a noite pelo dia e sem lembrar da luz solar, aquilo era parte do início do meu inferno e a rebeldia virou uma mágoa que foi absorvida. Muitos dizem que a série Supernatural deveria ter terminado na 5° temporada, só que nesse meio tempo ela foi se reinventando com os enredos, perdas de personagens importantes e o surgimento de novos personagens, que ofuscavam o brilho dos falecidos. Não recomendo assistir com aquela pessoa, pois pode desviar o foco pela sua parceria vacilar na relação, tirar o brilho dela no término e sempre lembrará fulano (a).

Muitos spoilers, muitos mini infartos, além do surgimento de “amizades de séries” e era algo incomum com a minha melhor amiga de escola. Esse momento chegaria, mas não tô pronta para dizer: “Adeus!”, agora estou onde tudo começou, que é no meu quarto e bate uma nostalgia lembrar de tudo que essa série proporcionou, odeio finais e evito ao máximo. Muitas pessoas que não assistem séries (pelos motivos delas), não é covardia se apegar em algo fictício, porque sempre buscamos uma válvula de escape de tudo, daquele momento Buda e que o resto se exploda junto com o politicamente correto. Houve uma época que eu só queria dormir para ter bom sonhos e pensamentos que eram surreais, mas me deixavam contente por estar fantasiando e chegou em um ponto que a minha mãe me pediu para viver a vida, que ela passou por isso e não é saudável, realmente eu pesquisei e eu poderia entrar em coma, por não querer acordar. Existem inúmeros relatos de pessoas contando suas experiências, me imaginei como uma máquina, que aparentemente está funcionando, mas logo percebemos que nem todas as funções estão funcionando como antes e entramos em transe. O corpo e a alma se separam, mas a alma leva toda a racionalidade, que fica presa no corpo e ninguém consegue fazer a máquina voltar a funcionar completamente.

A ficção me leva a outro lugar, em que as pessoas não afetam a minha fobiasocial, me dão diversas emoções ao ver um pouco de realidade fictícia com fatos reais, sem eu sentir vontade de me atirar no chão e entrar em pânico, as cenas de perdas me deixam apenas triste (e não depressiva) e a única coisa sem escapatória é a minha ansiedade, que não me deixa nem por um minuto. Quando fico mal, as pessoas se vão e resta as séries e os filmes para assistir com a minha mãe, ela sempre fica comigo e me cuida, eu tive sorte, se não fosse ela, eu já teria morrido no útero e nada disso teria acontecido de fato. Não existe uma única série suprema, nem um personagem apenas para amarmos, impossível amar um único episódio e nem simpatizar com um ator. Ainda escuto “ainda bem, já estava na hora de terminar”, sinto vontade de partir para a violência pelo completo descaso e grosseria, algumas vezes o silêncio é a melhor resposta. Embora a audiência tenha caído, o enredo poderia se perder e os atores querem iniciar novos projetos na carreira deles, então sou grata por todos esses anos. Nesses últimos anos, se tornaram parte da minha vida e eles não me conhecem realmente, mas o Jared criou uma ONG para dar suporte para as pessoas depressivas e com outros problemas (ele tem depressão também), o Jensen era da causa animal e vegano e o Misha vive em países de terceiro mundo construindo casas ou ajudando dentro do possível. Muitos dizem que é para ganhar mídia, todavia nenhum deles precisa disso, então Supernatural deixará um legado e que vai além das 15 temporadas, que poucos vão saber, até Deus apareceu e gostei de ver ele demonstrando compaixão pela humanidade.


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Criado por Erika Galvão, 2024.

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