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Trastes


Eu sinceramente acredito no famoso Dedo podre, eu tenho desde nova e isso me fez passar por muitas coisas. Pior do que ser trouxa, é ser humilhada, eu pensei que era uma fase do colegial e que agora as coisas iam melhorar e eu ia estar mais evoluída nisso, mas o que aconteceu? Onde eu errei? Sou merecedora? O lobo na pele de cordeiro é um ser baixo, que só pensa em si e em mais ninguém. Senti coisas ruins, que eu nem sabia que eu poderia ou era capaz, ultrapassei os meus limites para ficar com algumas pessoas, que atualmente sinto aversão, remorso e desprezo. Me dispus a atravessar de cidade em uma lancha, gastar o que não tinha ou simplesmente gastei o meu próprio dinheiro, comprei até Coca ou outros refrigerantes para o meu namorado, deixei pessoas entrarem na minha casa, fiquei na casa de um, ultrapassei o meu ego e mandei um milhão de mensagens, e fiz coisas. Ninguém merece tudo isso, nem que eu me transforme em alguém amorosa ou diga "eu te amo", sem amar, seria suficiente para manter alguém e ser amada. Não sou borboleta para me transformar para os outros, ainda mais, do que vale toda essa transformação? Nada. Desculpa por eu não rastejar, é que ninguém merece isso, nem por amor, interesse ou tesão; por sorte existe 8 bilhões para me oferecer o mesmo ou até mais. Talvez, eu esteja com o coração partido, mas faz tempo que isso aconteceu e nem eu sei exatamente quando aconteceu, porém depois de tantas baixas, eu me acostumei. Ainda choro de raiva, que eu sinto por confiar nas outras pessoas.

Ao contrário, das outras pessoas, eu me esforço para confiar nelas e ninguém faz isso, porque simplesmente confiam. A minha consideração é algo que preciso trabalhar, no entanto, nem a terapia me ajudaria a compreender tantas coisas que surgem e as decepções, como vou ter consideração assim? Não é pela aparência, ficada, dedicação para ajudar e nem mesmo sou mentirosa; os meus defeitos estão em uma longa lista, que são usados para reverter a história quando é conveniente. No início, ninguém liga para o que sou e tenho, porém com o tempo, começam a apontar, fazem exigências ou simplesmente se vão, sem um adeus ou uma justificativa. O pior é que sempre voltam igual o cão arrependido, então eu preciso ser forte para não ser tomada por pena por seres que não tiveram um pingo de consideração comigo. Perdi boas propostas de relacionamentos ou curtidas, quase abandonei os contatinhos algumas vezes e o pior é que fui chifrada para variar. O último eu te amo, foi após de uma relação intensa na casa dele e eu não estava preparada, travei e não conseguia nem formular o que ia dizer, mas eu sabia que ainda era muito cedo e não era recíproco, já que não fazia um mês que saímos. Não é ciúmes, eu só quero a verdade, será que estou pedindo muito? Continuei na ativa, todavia deixei bem claro e pedi a verdade por vezes, porém ela nunca aparecia, são tantos dedos apontados na minha direção, como se eu fosse a culpada. Tenho péssimo gosto para homens e mulheres, por sorte não preciso de qualquer um deles financeiramente e mentalmente, sinceramente eu já esperava por tudo isso e até coisas piores, até tento ignorar os meus instintos. Houveram ocasiões que eu conversava normalmente em um dia, a pessoa dizia que me amava e no outro dia colocava relacionamento com outra, eu era bem mais nova e isso acabava comigo, não esperava muito, mas não esperava por esse tapa na cara repentino. Senti nojo e culpa por todo ocorrido, embora não houvesse culpa nenhuma da minha parte e quase me desidratei chorando.

Se eu quisesse um traste, eu ficava com os meus ex e não procuraria um novo embuste, se algum deles estiver lendo, é do fundo do coração que digo isso e não é algo passageiro ou repentino. Não sei se tenho imã ou azar, provavelmente é o famoso dedo podre que irá comigo até o caixão. Se um dia, eu tiver sobrinhas, o que vou contar sobre os caras que me envolvi? Vou ter que esperar pelos 15 ou 20 anos dela para contar várias histórias verídicas e o papel de trouxa que fiz? Ou que a titia é a prova da inexistência dos felizes para sempre? Não sinto vergonha de contar, porque não enganei ninguém, sempre fui sincera, principalmente sobre a minha depressão e ansiedade (e as ramificações delas). Minha vó me disse que para dedo podre não existe cura, então coloca no meu laudo, ficha ou histórico médico. Não quero que chorem quando eu morrer, independente do peso na consciência, pois eles nunca se importaram com as lágrimas que escorreram no meu rosto. Não merecia passar por isso, eu não sou uma má pessoa, eu só quero paz e poder me envolver com alguém real, sincero e que tenha capacidade de olhar nos meus olhos para dizer toda a verdade, mesmo sendo dura e cruel, que honre o que tem no meio das pernas e não um duas faces. Quero uma amizade acima de tudo, uma relação aberta e um adeus sincero. Minha mãe diz que sou uma pessoa pessimista, posso tentar me autosabotar, entretanto, não sou eu que minto e odeio me forçar a ter expectativas em outras pessoas. Sou responsável pelas minhas ações e escolhas, todavia, me sinto mal por escolher alguém que é um erro. Posso não levar dois anos para descobrir a verdade, porém ainda assim dói um pouco, pelo menos casos sem compromissos me fazem sentir mais relaxada com as decisões alheias e me fazem aproveitar o agora apenas. A cada dia, eu sinto menos confiança e me priorizo mais.

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Criado por Erika Galvão, 2024.

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