A questão não é "E se?", na verdade é "Quando?". Óbvio, que aquela não foi a última tentativa, então em algum momento, eu penso se fiz o que desejei, ou se me escondi atrás de todo um blá blá moralista, que é vendido e pouco usado. Não quero fugir, eu quero ser eu sempre e não um fantoche daqueles que dizem me amar, porém me impõe certas restrições e objetivos que não são meus. O que mais ouvimos são exigências, não pedi para nascer, mas pedi tantas vezes para morrer e não é ingratidão, é exaustão de carregar um vazio, que dói como se faltasse um órgão e que não era insignificante para a minha vida. Se sua maior dor física, fosse equiparada com a dor que eu sinto na minha alma, seria suficiente? Você simplesmente aguentaria? Sem um remédio, que é para 'fracos' e 'viciados', me chame do que quiser, desde que eu consiga retirar os meus medicamentos, por existir uma ciência que acredita em tudo o que eu sinto e vivo. Uma ciência universal, que não é direcionada somente para a minha vida, entretanto, que me conhece melhor do que a minha família e amigos, que costumam me tratar igual uma louca desvairada, quando descobrem o meu diagnóstico.
Fizeram muitas escolhas no meu lugar, sinceramente pouco me importa a cauda do sorvete ou se quero tomar Fanta ou Sprite... A única escolha que eu quero poder tomar é se quero continuar a minha vida ou dar um fim a ela. Não é um sentimento passageiro, é um grito por socorro, que meu corpo simplesmente se cala ou deixa de ficar estabilizada toda a dor. É exaustivo toda vez que preciso me reerguer, sair do fundo do poço aos poucos, sem correr, ou deixar de sentir tudo que quase me mata. Quem disse que a racionalidade escolhe a vida? De repente fui gerada em uma barriga, quase que arrancada para um mundo que é pior do que o nada, eu tentei me perder na fantasia, todavia, eu sempre fui arrancada de lá também. Sempre me senti uma telespectadora, que focava o meu sentir de acordo com a realidade vista ou contada, fugindo da minha realidade. Sempre que abro os olhos esperando um dia de sossego, mas é repleto de catástrofes comigo ou com os outros que tento não me importar, mas é difícil.
Nem quando fecho os olhos, nem assim consigo acalmar os meus pensamentos, pesadelos, que me deixam mais confusa ainda e exausta. Os remédios me ajudam a não dormir em prestações, os famosos cochilos, ainda assim parece uma longa sessão de pesadelos intermitentes, talvez nenhum remédio resolva o meu terror noturno. Antigamente, eu sentia tanto medo do escuro, que não queria dormir, não poder ver e acordar no escuro, me deixava em pânico e todos concluímos que eu precisava de um abajur. Imagina, como é viver em uma mente em turbilhão, inúmeros pensamentos desordenados e que preciso ser cuidadosa para não me fechar com eles, porque quem está fora não sabe a linha de raciocínio e sentido. Isso cansa e não me ajuda a ser feliz, criei um método para lidar com as coisas e nem todo método é tradicional, assim consegui compreender o ABC, e a somar e dividir. Em minutos, eu consigo ir ao topo e ir ao fundo do precipício, não dá para ser feliz assim, e por isso não costumo sorrir de forma espontânea, eu vejo um mundo completamente preto e branco, infeliz e vivo no modo automático do meu jeito. Às vezes, parece que morri e esqueci de deitar, enquanto todos prosperam, eu vivo parada no tempo sem grandes progressos e o desejo de morrer, entretanto, ao mesmo tempo existe uma parte desconhecida que luta para sobreviver, é como uma rosa no meio do deserto sem vida, que sobrevive com o que o sistema oferece naquele momento. Eu sou o deserto sem vida e enquanto aquela flor existir, eu também terei um motivo para seguir lutando e viva.
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