Nem todo término é ruim e novos ciclos são necessários, no meu caso estou grata por alguns, enquanto outros me consomem diariamente e dói tanto, que lágrimas não resolvem e não consigo parar. Vejo diariamente eu naquele lugar, o meu paraíso privado, posso levar quem eu quiser na minha cabeça e quando foco consigo me visualizar no local, exatamente como nas fotos ou pelo que eu vivi lá, que está projetado na minha mente. Queria voltar no tempo para quando tudo era diferente, desde então tudo desandou, parece que morrer e estou preso no inferno, que é uma sequência constante de desconforto total.
Saber que tudo acabou para sempre, a ingenuidade e a sensação de pertencer a algum lugar acabou. Me dói no meu peito e sinto uma imensa angústia, me sentia tão segura e parte do lugar, que valia a pena ver a minha mãe ir e voltar mensalmente, só para eu ir passar a semana de férias. Nunca desejei abandonar os meus pais, mas a falta dela me fez começar a me decompor e nem sei quando morri, faz tanto tempo que estou apenas existindo. Lembro do lugar, do cheiro, dos cachorros, da TV com canais que naquela época eu não tinha, o conforto, a beleza, as montanhas, as rochas, o verde, o lago, a piscina, a cachoeira, a trilha, o condomínio, os patrões, etc.
Ainda tenho o livro de colorir de princesas (que deve ter sido caro) com o cheiro único, que ganhei da patroa da minha mãe e nunca ganhei duas caixas de lápis amarelo e vermelho como o prometido pelo patrão da minha mãe. Adorei tanto que ainda posso sentir várias sensações, quando me concentro com todos os detalhes, me sinto reconfortada e próxima do meu paraíso. Me sentia tudo tão real e principalmente segura, fui egoísta em não querer voltar, entretanto queria que a minha família fosse morar lá, junto comigo e o meu sonho acabou.
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